Patrícia Alba (MDB)
Deputada Estadual e presidente da Comissão de Educação da ALRS
O Brasil vive um paradoxo inaceitável: todos dizem que a educação é prioridade, mas os dados mostram o contrário. O investimento é insuficiente, a desigualdade é gritante e os resultados seguem aquém do necessário para garantir um futuro digno às próximas gerações. É nesse contexto que se torna essencial o Ciclo de Debates promovido pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa. Intitulado Educação Agora, as agendas irão se constituir em espaço de escuta, construção coletiva e enfrentamento dos desafios reais da educação pública no estado. O primeiro encontro será nesta sexta-feira (8), no Plenarinho da Assembleia Legislativa.
Os números nos mostram o quanto é preciso trabalhar para transformar essa realidade. Segundo o IBGE, em torno de 9 milhões de brasileiros são analfabetos, e, no Rio Grande do Sul, mais de 250 mil gaúchos não sabem ler ou escrever. Já os dados mais recentes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mostram que menos da metade dos estudantes da rede pública do Ensino Médio alcançaram o nível adequado de aprendizagem em português e matemática.
O abandono escolar cresceu durante a pandemia e, mesmo com o retorno das aulas presenciais, muitos jovens não voltaram para as salas de aula. As enchentes do ano passado aprofundaram o problema. Outros seguem na rede, sem aprender. Isso é inaceitável. A evasão escolar, especialmente no Ensino Médio, precisa ser enfrentada com políticas públicas consistentes, incluindo ensino profissionalizante, educação em tempo integral e integração com ações de saúde e assistência social.
Também é urgente ampliar o acesso e a permanência no Ensino Superior. Apenas 21% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos estão na faculdade. O ensino técnico e profissional, por sua vez, precisa ser valorizado e integrado às políticas de desenvolvimento regional, como ferramenta de transformação econômica e inclusão social.
O ciclo de debates da Assembleia é uma iniciativa necessária. Os seus encaminhamentos e deliberações precisam sair do papel e impactar as políticas públicas de verdade. A construção de um novo Plano Estadual de Educação não pode ser apenas burocrática. Devem ter metas claras, factíveis, conectadas às reais necessidades de educadores, alunos e famílias.
Educação de qualidade é ferramenta de igualdade, justiça social e desenvolvimento. Não podemos mais aceitar retrocessos. É hora de garantir que o Rio Grande do Sul volte a ter o papel de protagonista na educação e que ela volte a ser o seu papel na prioridade real que ela sempre deveria ter sido.