O líder do governo na Câmara de Vereadores de Sant’Ana do Livramento, Maurício Galo Del Fabro (PL), afirmou publicamente estar disposto a apresentar um pedido de cassação do mandato do vereador Sargento Doze (Podemos), acusado de quebra de decoro parlamentar após declarações polêmicas contra o Exército Brasileiro e a prefeita Ana Tarouco (PL). A manifestação ocorreu na noite desta quarta-feira (16), durante o programa Conversa de Fim de Tarde, da Rádio RCC FM.
Galo classificou as atitudes do colega como “levianas e irresponsáveis” e disse que o episódio “mancha a nossa cidade”. Segundo o vereador, será necessário o apoio de pelo menos doze parlamentares para dar seguimento a um processo de cassação. “Eu me coloco à inteira disposição para cassar o mandato do colega vereador”, afirmou, enfatizando a gravidade da situação e a necessidade de preservar a imagem do Legislativo.
Também presente na entrevista, o vereador Lídio Mendes Melado (Republicanos) considerou que as atitudes de Doze configuram quebra de decoro, mas alertou que o processo só pode ser iniciado a partir de uma denúncia formal na Câmara.
A polêmica teve início após Doze publicar uma transmissão ao vivo em suas redes sociais com duras críticas ao comando do 7º Regimento de Cavalaria Mecanizado (7º RC Mec), sediado na cidade. O vereador, que é sargento reformado do Exército, acusou o comandante e seus subordinados de “roubo” e “bandidagem”, entre outras expressões ofensivas.
Em resposta, o 7º RC Mec divulgou uma nota oficial classificando as declarações como “infundadas e levianas” e confirmou que solicitou a abertura de um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso. A instituição ainda explicou que o problema citado por Doze — a suspensão do pagamento de proventos — decorreu de um erro administrativo provocado por ele mesmo, ao indicar uma conta bancária incompatível com o sistema de pagamento militar.
A crise política se agravou após a prefeita Ana Tarouco também reagir às falas do vereador, especialmente após ele mencionar, segundo ela, sua filha adotiva. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Ana desabafou: “Não é do meu perfil ficar quieta, e muito menos aguentar calada a covardia.” E acrescentou: “Tu não vai puxar a Aurora, o meu processo de adoção, para essa canalhice que tu transformou o exercício do poder legislativo que tu está exercendo.”
A prefeita reforçou que aceita divergências políticas, mas não admite ataques pessoais a familiares: “Tudo certo nas divergências dentro da política, mas não aceito que atinjam a minha filha.”
Por sua vez, o vereador Doze divulgou uma nota em que se diz vítima de “linchamento público” e critica o tom adotado pelo Exército, afirmando que o erro foi da instituição e que a nota oficial promove um “pré-julgamento injusto”. Ele também declarou que tomará medidas administrativas e judiciais para se defender.
O presidente da Câmara Municipal, Felipe Torres (PL), declarou que acompanha a situação de perto e que qualquer medida dentro da Casa dependerá da formalização de denúncia e dos trâmites regimentais.