Como parte das comemorações pelos 90 anos de sua fundação, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS) inaugura, na próxima quarta-feira (25), às 16h30, a exposição “Lanceiros Negros”, no térreo do Palácio Flores da Cunha, sede do Tribunal. A mostra, que estará aberta à visitação gratuita até 15 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, é um marco simbólico e educativo que promove o resgate da memória dos Lanceiros Negros — grupo de combatentes negros escravizados ou recém-libertos que atuaram de forma decisiva durante a Revolução Farroupilha (1835–1845).
A iniciativa surgiu a partir da constatação de que a tradicional pintura “Carga Farrapa”, do artista Guido Mondim — obra que integra o patrimônio cultural do TCE-RS e já foi utilizada como honraria institucional — representa os lanceiros como figuras brancas, contrariando registros históricos. A exposição propõe, assim, uma leitura crítica sobre as representações visuais do passado e um gesto de reparação simbólica.
Com curadoria da pesquisadora e artista Izis Abreu, assistência de curadoria de Aisha Costa e pesquisa histórica de Diego Beck, a exposição reúne réplicas de documentos raros, obras de arte contemporânea, fotografias, vídeos, vestuário e elementos da cultura afro-gaúcha. Dentre os destaques estão o decreto de criação do Corpo de Lanceiros, cartas trocadas entre líderes militares da época — como a de Caxias sobre o massacre de Porongos — e representações visuais dos lanceiros na história da arte, incluindo obras de Juan Manuel Blanes e Vasco Machado.
A mostra também contará com obras inéditas criadas especialmente para a ocasião pelos artistas Pamela Zorn, Mitti Mendonça e Thiago Madruga, além de trabalhos de Alisson Afonso, Daniela Xu, Fábio Mariot, Jader Pxoto, Paulo Só e Zé Darci. A exposição ainda traz registros da ação educativa “Lanceirinhos”, promovida pelo Instituto Sociocultural Afro-Sul Odomodê.
“A história dos Lanceiros Negros é uma ferida ainda aberta na memória do Rio Grande do Sul. Esta exposição busca reinscrever sua dignidade no imaginário coletivo, transformando lanças em símbolos de memória e justiça”, afirma a curadora Izis Abreu.
A ação integra o compromisso do TCE-RS com a educação antirracista e se alinha a outras iniciativas voltadas à fiscalização da aplicação da Lei nº 10.639/03 e da LDB, que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas.
O reconhecimento oficial dos Lanceiros Negros como heróis nacionais, com sua inscrição no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria em 2024, reforça o valor histórico e simbólico da exposição. Para o TCE-RS, resgatar essas narrativas é também reafirmar seu papel como instituição comprometida com a memória, a justiça e a cidadania.
Exposição Lanceiros Negros
Local: Palácio Flores da Cunha – térreo | Rua Sete de Setembro, 388 – Centro Histórico – Porto Alegre/RS
Abertura: 25 de junho de 2025, das 16h30 às 19h
Visitação: 26 de junho a 15 de dezembro de 2025 | Segunda a sexta, das 10h às 18h.
Agendamentos para grupos: [email protected]
Assessoria de Comunicação Social – TCE-RS
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