Resistência no Congresso
A proposta, porém, enfrenta forte resistência no Congresso. Parlamentares da oposição classificam a medida como uma tentativa de interferência federal nas atribuições dos Estados, alimentando uma disputa sobre quem deve liderar o combate ao crime organizado no país. A verdade é que a criminalidade em alta e insegurança reacendem debate sobre competências federativas.
O exemplo americano e seus limites

A discussão sobre o papel do governo federal na segurança ganhou ainda mais tensão após a mobilização da Guarda Nacional nos Estados Unidos, em meio a protestos em Los Angeles contra políticas migratórias. A ordem foi dada pelo presidente Donald Trump sem o aval do governador da Califórnia, Gavin Newsom — o que acirrou a crise institucional naquele estado.
Para o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), comparar realidades é um equívoco. “A legislação e a cultura política dos EUA são diferentes das nossas. Lá, a desobediência civil tem outro peso. Não vejo como provável a repetição de cenários semelhantes no Brasil.”
Exploração midiática
O senador ainda alertou para o uso político do episódio americano por setores da imprensa: “O envio da Guarda Nacional é algo relativamente comum por lá. Mas aqui, isso vem sendo explorado midiaticamente com um claro viés político, numa tentativa de importar a polarização americana para o nosso país.”
Alerta sobre o Rio de Janeiro
Sobre a proposta da PEC, Mourão é categórico: “Sou contrário. Trata-se de uma resposta política, intervencionista e ineficaz, especialmente neste contexto pré-eleitoral de 2026. Interferir diretamente nos Estados rompe com o pacto federativo e desrespeita a Constituição de 1988.”
Narcoestado operando em paralelo
O senador também fez um alerta específico sobre o Rio: “Chegamos a um ponto tão crítico que se pode dizer que há um narcoestado operando em paralelo. Resolver isso exigirá políticas públicas de longo prazo, planejamento e coragem para enfrentar soluções impopulares.”
Equilíbrio das forças policiais


A proposta do governo também recebeu críticas duras do deputado Giovani Cherini (PL-RS), que vê na PEC uma ameaça ao equilíbrio das forças policiais no país. “O que o governo quer, na prática, é transformar a Polícia Federal numa superforça alinhada ao Palácio do Planalto. Isso aumentaria ainda mais a insegurança.”
“Polícia lulista” e desconfiança da oposição
Cherini foi direto ao apontar motivações ideológicas: “Na Venezuela, criaram a polícia bolivariana. Aqui, querem implantar a polícia lulista. Nossa bancada é contra. O que o país precisa é de polícias fortalecidas, inclusive as guardas municipais, e não de um braço armado do governo federal.”
A Coluna Repórter Brasília é publicada simultaneamente no Jornal do Comercio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Edgar Lisboa