A consequência mais nefasta da radicalização que tomou conta do Brasil a partir de 2018 atingiu os meios de comunicação. Com experiência como jornalista de mais de 40 anos, ainda fico estarrecido com a cobertura parcial e injustificável de parte dos colegas e veículos sobre o que acontece no país.
É lamentável, mas é preciso escolher qual canal e programa assistir de acordo com a preferência político-partidária. É cada vez mais difícil encontrar um veículo minimamente isento para apresentar os fatos com ponto e contraponto – ou seja, argumentos a favor e contra – para deixar o público julgar.
O que se vê na busca por notícias é um festival de opiniões tendenciosas ao invés de informação. À exceção de colunistas e comentaristas – cuja função é analisar e externar seu ponto-de-vista – os demais jornalistas deveriam narrar os fatos. Leitores, telespectadores e internautas têm cérebro para formar suas opiniões sobre o que acontece no Brasil.
A falta de profissionalismo da chamada “grande imprensa” é destaque devido à pressa do presidente da república e parceiros para “regular” as redes sociais. É óbvio que há excessos, abusos e manipulações. Mas é preciso observar que estes desvios de caráter não se restringem apenas ao mundo da internet.
Sou leitor assíduo de jornais e vejo que é raro ler pedidos de desculpas ou correções em veículos tradicionais de imprensa. Será que o nível de erro é praticamente zero nesta atividade que lida com emoção, razão e compromisso em mostrar a verdade?
Se multiplicam casos em que somente pelo whatsapp ou instagram se conhece detalhes omitidos por interesses escusos. Nunca antes na história do Brasil se viu tanta propaganda dos governos estadual e federal. Bilhões são torados para construir narrativas onde todos os problemas foram solucionados. Por que fazer tanta publicidade? Gestores públicos são eleitos para encontrar soluções. Governos nada produzem para vender. Todo desperdício com propaganda é feito com o dinheiro de nossos impostos cada vez mais escorchantes. O gasto com publicidade cria dependência dos veículos em agradar os governantes.
Por isso, muito muito cuidado com a “regulação” das redes sociais. Muitas vezes ali se vê o Brasil de verdade.