Foi concluído, na quinta-feira (29), no Fórum de Sant’Ana do Livramento (RS), o julgamento do policial federal aposentado e advogado Renato Rita Caon, de 66 anos, acusado de matar o pedreiro Rodrigo da Silva em 2010. Após mais de uma década de espera, o Conselho
de Sentença decidiu pela condenação do réu a 8 anos e 4 meses de prisão. A decisão foi marcada por forte comoção no tribunal e representa, segundo o Ministério Público, um passo importante para a justiça e para a memória da vítima.
O crime ocorreu na madrugada de 8 de abril de 2010, quando Rodrigo, que prestava serviços na residência do acusado, foi alvejado por disparo de arma de fogo. Segundo a defesa, ele teria furtado a motocicleta do réu e investido contra ele, justificando a reação em legítima defesa. No entanto, após oitiva de diversas testemunhas e reconstituições dos fatos, o Ministério Público conseguiu desconstruir essa versão. “Desde o dia do crime já sabíamos que o autor havia atirado em Rodrigo. Hoje conseguimos provar que ele não agiu em legítima defesa, como a defesa tentou sustentar. Entendemos que não houve nenhum ataque que justificasse essa reação,” declarou o promotor de Justiça Pedro Henrique Staudt.
O promotor classificou a condenação como uma vitória do sistema de Justiça e enfatizou a importância de manter viva a memória das vítimas, ndependentemente do tempo decorrido. “É um fato antigo, de 2010, mas conseguimos trazer à tona. Inclusive levei essa fala ao plenário: no mínimo, aplicamos o direito e damos uma providência para essa família que vinha sofrendo há muito tempo,” afirmou.
Ao fim do julgamento, os familiares de Rodrigo, visivelmente emocionados, expressaram alívio com o desfecho: “A justiça foi feita,” disseram, entre lágrimas, na saída do fórum. Do lado da defesa, a condenação foi recebida com respeito, mas não com conformidade. O advogado do réu, Richard Nogueira, afirmou que irá recorrer da decisão. “Respeitamos a decisão do júri, mas não somos obrigados a concordar. Vamos interpor apelação. Acreditamos que as provas técnicas
respaldam a tese de legítima defesa, e isso fundamentará nosso recurso,” declarou.
Condenado por homicídio, o ex-policial foi conduzido ainda na noite de quinta-feira à Penitenciária Estadual de Sant’Ana do Livramento (PESL), sob escolta da Brigada
Militar. Ele começou a cumprir imediatamente a pena de 8 anos e 4 meses de reclusão em regime
inicial fechado.
O caso, que por anos permaneceu sem des-fecho, agora se encerra com uma sentença que, segundo o Ministério Público, representa não apenas a responsabilização do acusado, mas também um alívio para os que esperavam por justiça.