Para Ruth, a corrida vai muito além de um hobby: ela é ferramenta de saúde, conexão familiar e superação. Mãe de três filhas – Siham, Sameher e Suzen – ela fez da paixão pelo esporte um verdadeiro legado. Desde a infância, Ruth incentivou a prática de atividades físicas com as meninas, e foi com elas que começou a correr, quilômetro a quilômetro, até completar a primeira meia maratona em família.
“A Siham começou me acompanhando nos treinos. Depois a Sameher, na adolescência, não queria muito, mas foi junto. Em 2016 corri minha primeira meia maratona no Rio de Janeiro e voltei tão encantada que desafiei as meninas: ‘vocês só vão correr no Rio se treinarem 21 km’. Elas toparam”, lembra Ruth, orgulhosa.
O resultado foi uma viagem memorável em 2017, com a participação das três na meia maratona carioca – cada uma vencendo seus próprios limites. “Até meu irmão foi junto, e minha filha menor, Suzen, correu 5 km com o pai”, conta.
A dedicação de Ruth e das filhas foi tão grande que Sameher levou a corrida além: tornou-se atleta de alto rendimento, conquistando o 13º lugar no ranking brasileiro de atletismo e até recordes sul-americanos em provas no Uruguai. “Ela conheceu atletas quenianos e mergulhou de vez nas competições. Estava treinando para as Olimpíadas quando, infelizmente, sofreu uma grave lesão no joelho que a tirou das pistas competitivas.”
Mesmo com a cirurgia delicada e o nascimento do primeiro filho, Sameher não deixou a corrida de lado. Está voltando aos treinos e já se prepara para participar, ao lado da mãe, de mais um desafio em setembro – Ruth na meia maratona, e a filha, em uma prova menor, respeitando o processo de recuperação.
Enquanto isso, do outro lado do mundo, Siham mantém o ritmo mesmo vivendo nas Filipinas. Formada em Relações Internacionais, ela arranja tempo entre um compromisso e outro para calçar o tênis e registrar os treinos, que compartilha com a mãe à distância.
“É muito bonito ver isso. Mesmo com dificuldades, elas seguem. Meu pai, com 85 anos, também correu 5 km com a gente. Todo mundo na família acaba participando de alguma forma. É uma forma de cuidar da saúde e de estarmos juntos”, finaliza Ruth, com um sorriso que traduz o orgulho de ter passado não só um hobby, mas uma filosofia de vida.
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