Reflexões de uma professora no Dia do Trabalhador

Iniciei minha carreira profissional no ano 2000. Trabalhei por dois anos com contrato na rede municipal e, no dia 17 de abril de 2002, fui nomeada na rede estadual há exatos 23 anos. Sou filha de professora aposentada e, desde criança, acompanhava minha mãe na escola, encantada com aquele universo. Gostava de brincar de dar aula para os amigos do bairro, como se já soubesse qual seria meu caminho.
O dia 1º de maio representa uma data de luta e de celebração para todos os trabalhadores que, como eu, levantam cedo e lutam diariamente por dias melhores. É essencial valorizarmos o trabalhador assalariado, aquele que constrói sua vida com esforço e dignidade.
No entanto, o professor tem sido, cada vez mais, desvalorizado pelos governos e pela sociedade. A profissão que forma todas as outras perdeu parte de sua essência. A escassez de profissionais qualificados na área é um reflexo direto dessa realidade. Chegamos ao ponto de ter que pagar para que estudantes cumpram aquilo que deveria ser sua obrigação fundamental: estudar e construir seu próprio futuro. Isso evidencia uma grave inversão de valores em nossos tempos.
Muitas vezes me perguntam se eu recomendaria a profissão. Respondo, com sinceridade, que o maior desafio do professor hoje é ensinar a quem não quer aprender.
Ao longo da minha trajetória, colecionei histórias, tantas que daria para escrever um livro (risos). Tenho ex-alunos que hoje são meus colegas de profissão. Outros, pais de alunos que agora estão sob minha responsabilidade. E reencontros assim aquecem o coração.
Chego a dar 17 aulas por dia e procuro manter, em todos os turnos, o mesmo entusiasmo e amor. Para muitos dos meus alunos, o único gesto de carinho do dia é o meu abraço e isso tem um valor imensurável para mim. Sempre digo que a aula que quero para os meus filhos é a mesma que procuro oferecer aos meus alunos.
Acredito que o maior ato de rebeldia, nos dias de hoje, é cumprir com o nosso papel na sociedade. E, no meu caso, é marcar positivamente a vida das crianças e adolescentes que passam, todos os dias, pelas minhas mãos.