Artigo Felipe Camozzato:
O Rio Grande do Sul convive historicamente com um alto custo logístico, que compromete a competitividade da nossa produção e limita o crescimento da economia gaúcha. Segundo estimativas da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, perdemos quase 21,5% do PIB gaúcho devido à falta de diversificação dos modais de transporte. A situação se agravou com as enchentes de 2024, que impactaram severamente nossa infraestrutura.
Os danos mais visíveis ocorreram nas rodovias e no aeroporto da capital, com imagens que rodaram o país. Mas foi no modal ferroviário que o impacto se revelou mais profundo. O estado já havia perdido 1.500 km de ferrovias nas últimas décadas, e agora mais 700 km da nossa malha foram comprometidos. Desde maio do ano passado estamos sem ligação ferroviária com o restante do país. Empresas que usavam os trilhos para transportar mercadorias, tiveram de migrar para outros modais, elevando custos logísticos.
Esse cenário mostra a urgência de um debate mais amplo sobre a malha ferroviária gaúcha. A sociedade precisa entender o papel estratégico desse modal e cobrar soluções concretas. O primeiro passo é exigir uma resposta imediata do Governo Federal e da Rumo Logística, concessionária da malha federal, para os danos causados pelas enchentes. Mas é preciso ir além.
Em junho de 2023, protocolei — com outros 28 deputados — a PEC das Ferrovias. Aprovada em dezembro, ela modernizou a Constituição Estadual ao permitir a exploração ferroviária por autorização, além de concessão e permissão.
Essa mudança representa um passo importante, mas apenas o começo. Para que o novo modelo produza efeitos concretos, precisamos regulamentar a PEC, definir com clareza os procedimentos, as condições e os incentivos para atrair investimentos. Mais do que isso, é imprescindível construir um Plano Estratégico Ferroviário para o RS, mapeando gargalos, trechos prioritários e conexões com polos regionais e nacionais.
A discussão sobre a integração com o restante do Brasil e com o Mercosul deve avançar, mas precisamos de um plano ferroviário articulado a uma estratégia logística estadual, conectando regiões agrícolas, industriais e turísticas. Temos uma base legal moderna. Agora, é hora de transformá-la em ação concreta, com impacto real na logística, na competitividade e no desenvolvimento do nosso estado.
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