Buenas!
Quem não está assistindo aos jogos olímpicos, não sabe o que está perdendo! Não falarei do ditador asqueroso que não tem nada de Maduro e de suas eleições fraudadas, do dólar que não para de subir, do acirramento da guerra no Oriente Médio, tudo para contentar outro déspota sedento por sangue alheio, tudo para se manter no poder. É impossível deixar os Jogos Olímpicos de Paris em segundo plano.
Claro, eu preferia estar lá, vendo ao vivo e a cores, flanando pelas ruas de Paris. Era este o projeto, porém – este porém me atrapalhando –, as contas pessoais, os preços astronômicos e a cotação do Euro disseram para eu me aquietar e valorizar a transmissão na tevê, até pelo celular!
Começo pela abertura que foi espetacular, grandiosa, criativa, polêmica, histriônica, histórica, sensível, irônica… São muitos adjetivos, mas, para quem não viu e está caindo nos debates das redes sociais, saibam que o valor à arte e a história gritaram mais alto na abertura.
Para mim, aquele cavalo “alado” sobre as águas do Sena, o show de luzes na torre Eiffel, os prédios históricos servindo de cenário para batalhas e bailarinos, os Minions roubando a Mona Lisa e a condução do fogo olímpico foram o auge da criatividade.
Os jogos mal chegaram na metade e já criaram momentos que ficarão marcados na memória de todo amante do esporte. A foto do surfista Medina flutuando no ar ao lado de sua prancha, lembra muito os desenhos do Surfista Prateado, personagem da Marvel que eu lia quando adolescente.
Viram o novo Phelps? O original está em Paris, como que abençoando o seu herdeiro francês. Leon Marchand ganhou quatro medalhas de ouro, quebrando quatro recordes olímpicos, dois deles do Phelps!
Para entenderem o tamanho da façanha do guri de 22 anos, ele superou o tempo do melhor do mundo nos 200m borboleta e, menos de uma hora depois, quebrou o recorde olímpico do 200m peito. Nunca antes um atleta ganhou duas medalhas nestas provas no mesmo dia. O seu técnico recomendou que escolhesse só uma prova! Ele resolveu encarar as duas e ganhou ambas, algo inédito na história olímpica! E ele tem mais uma prova!
Poderia ficar falando de natação por horas, mas, para resumir, lembro que a americana Katie Ledecky é um fenômeno! Ela ganhou oito ouros olímpicos! Ela não perde uma prova de 1500m há 14 anos! E ainda tem três dias de natação pela frente, imaginem o que pode vir!
E o povo do triathlon nadando no Sena? Sabiam que é proibido nadar nas águas que dão vida à capital francesa há mais de 100 anos? Eles gastaram uma fortuna para despoluir o rio que corta a cidade, com méritos! Claro, ainda não está tão limpo quanto previsto, mas já valeu todo o esforço ver a prefeita nadando antes dos jogos. E semana que vem tem a maratona aquática com representante gaúcha nas águas!
E a marcha atlética? Medalha de prata inédita para Caio Bonfim! Sua tão sonhada medalha não é só sua, é de sua mãe também, ex-atleta e sua treinadora. Mas não só isso, em sua quarta participação olímpica, o menino que nasceu com as pernas tortas teve de superar também o preconceito.
Além da pouca visibilidade e da falta de patrocínio, Bomfim precisou lidar com o deboche nas ruas brasileiras. Por ignorância – em todos os sentidos da palavra –, sofreu com o pré-julgamento de pessoas que achavam que o atleta rebolava porque queria, não porque obedecia às regras de um dos esportes olímpicos mais tradicionais.
Viram o tênis de mesa? Lembro de jogar na adolescência, adorava, até acredito ter ganho uma medalha numa competição local. Mas nem nos melhores sonhos do Hugo Calderano ele espera chegar tão longe, uma semifinal, um feito inédito para um sul-americano! E ainda vai disputar o bronze!
E calhou que a primeira medalha de ouro veio do judô, vitória da Bia Souza, uma mulher, uma mulher negra, uma brasileira-raiz. Nada foi fácil para ela, chegar na primeira olimpíada foi um exercício de superação, como é para a maioria dos que nascem no hemisfério sul falando português. Chegar e ganhar medalha de ouro é a suprema felicidade para um atleta!
Viram o olhar da Simone Biles, admirada pelo desempenho de Rebeca Andrade? É o reconhecimento da melhor da história à qualidade da brasileira, que não teve nem a metade da estrutura de treinos da americana, muito menos os rendimentos milionários da mesma. Quem assistiu as duas competindo testemunhou um duelo de gigantes, foi histórico! E tem mais três provas entre elas! Não percam!
E, para encerrar, quero ficar na memória com uma imagem que vale mais do que ouro: o abraço da Simone e da Rebeca. Este momento representa uma troca de carinho entre adversárias que se respeitam, duas mulheres, duas negras, duas meninas que deixaram o mundo de queixo caído pelo desempenho atlético, pela simpatia, pelo esforço, pela superação, marcando os jogos pelo verdadeiro espírito olímpico.
Que venha os próximos capítulos dos Jogos Olímpicos de Paris, estou preparado, controle remoto na mão e emoção à flor da pele!