qui, 25 de julho de 2024

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PRECISAMOS FALAR DE LEITURA. DE VERDADE!

Buenas!

Apesar de vivermos em pleno século XXI, em um mundo mais digital que analógico, ainda há aqueles que querem pulverizar da face da terra os livros que não dizem o que eles querem ouvir. Não importa o formato, seja em papel ou virtual, o que não pode é propagarem palavras que eles, os ocultistas contemporâneos, discordam. Melhor, odeiam.

Na primeira semana de março, uma diretora de escola pública de Santa Cruz do Sul, no RS, divulgou um vídeo lendo frases do livro “O avesso da pele”, publicado pelo professor e escritor Jeferson Tenório em 2021. Tudo porque, segundo ela, na obra há palavras “de baixo nível” e fala em sexo em alguns trechos. E o pior, foi replicada por muitos correligionários, além de ser recolhido pela secretaria de educação do estado do Paraná.

É ou não é para ficar estupefato? Em pleno século XXI haver censura literária? Como professor de literatura, que fez até mestrado na área, li e debati com meus alunos diversos livros polêmicos, dentre eles “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, e “Capitães de Areia”, de Jorge Amado, e “A casa dos budas ditosos”para ficar só em três. A lista poderia ser bem maior. Qual a conexão entre todos eles: cenas de sexo e, inclusive, abuso sexual, fatos que, infelizmente, acontecem na sociedade brasileira e não acabaram com censura, mas sim com consciência.

Algum deles foi citado pela tal diretora? Quiçá lidos? Jorge Amado deve ser “cancelado” também? E, garanto, os autores baianos acima descrevem cenas bem mais “pesadas” que as descritas por Tenório, dentro do contexto das obras, não acaso, como um xingamento numa rede social. Um mundo sem referências e parâmetros, diria mais, um mundo com pouca leitura gera restrições interpretativas!

Ou, ainda, será que há preconceito por parte dela? E, diz aqui quem leu o livro e, tomando um café na Casa de Cultura Mário Quintana, debateu com o autor sua obra e o seu sucesso. As frases e cenas pinçadas do “Avesso…” pela tal diretora estão dentro do contexto e da vivência das personagens do livro, que envolvem o preconceito racial e social que enfrenta um jovem, suas angústias diante de um mundo que olha para ele sem enxergar que “o avesso da pele” de todos tem a mesma cor. Aborda ainda, os dilemas da trágica perda de seu pai, professor de escola pública de periferia. Além de criar uma estrutura narrativa belíssima, quase poética, mas com linguagem objetiva, sem floreios desnecessários.

Logo, não há nada fora do lugar na obra. Aliás, o livro ganhou o prêmio Jabuti em 2021, o mais importante da literatura brasileira, além de ser publicado em uma dezena de países. E agora será uma das mais importantes personalidades, graças ao preconceito de quem não leu o livro ou , se o leu, o fez com as lentes do preconceito e com fraca capacidade interpretativa.

Tenório, que já havia angariado alguma fama nos círculos literários, participando de debates aqui, em Portugal e nos EUA, agora está com o nome estampado em todos os sites do país, ganhando mais publicidade para sua obra e o debate da causa do preconceito racial. Que existe e é estrutural em nossa sociedade.

Há crimes piores do que queimar livros. Um deles é não lê-los”, disse o poeta russo Joseph Brodsky no século passado. É o que enxergo neste caso, uma tentativa de “queimar” o livro, mas que saiu pela culatra.

Eram outros os tempos, mas as atitudes similares, No final da Idade Média, Savonarola, frei dominicano dominou a cidade de Florença entre 1494 e 1498. Seus sermões eram alicerçados em conversas diretas com “Deus”, segundo ele. E uma das determinações divinas eram por fim em toda forma de luxúria, como obras de arte e livros. Centenas e centenas de obras foram queimadas, dizem que convenceu o próprio Botticelli a incinerar alguns de seus quadros e sua biblioteca. Felizmente “A Primavera”, sua obra mais famosa, sobreviveu.

O frei, após queimar tantos livros e brigar com o papa Alexandre VI, foi condenado por heresia e queimado em praça pública, para deleite do público que outrora o apoiava. nem vou citar aqui a queima de livros “não-alemães” promovida por Goebbels, no ínicio do movimento nazista, em 1933, conhecido da maioria de quem me lê.

Em resumo, o que penso, é que, primeiro, para falar mal de uma obra, precisamos ler como um todo. Simples assim. Segundo, há livros, assim como filmes, seriados, etc, que não são para todas as idades, muito menos para todos os leitores. Há muitos livros que tive de ler como professor de que não gostei, nem por isso quis eliminá-los de bibliotecas públicas por decreto governamental ou por vídeos em redes sociais.

No meu tempo de salas de aulas já era difícil promover a leitura, imagine nos tempos atuais, de redes sociais e celular. Proibir não leva a nada, nunca! O papel de um professor é selecionar obras relevantes, promover o debate e a reflexão! O papel da escola é orientar e dar suporte ao professor.

No caso atual, só resta a mim e ao meu amigo Tenório agradecer a ampla publicidade e a oportunidade de debater esta obra tão contundente e necessária aos dias atuais e futuros. Leiam “O avesso da pele” e tirem suas conclusões. A minha, embasada em anos de estudos e leituras, é que é uma obra excelente, diria mais, necessária. Boas leituras!

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