O MST já invadiu e depredou o prédio do Congresso Nacional em 2006. Em 2017, o mesmo movimento colocou fogo no Ministério da Agricultura e promoveu cenas de terror em toda a Esplanada dos Ministérios, deixando dezenas de policiais feridos, muitos em estado grave. Em 2023, após a vitória da esquerda, os sem-terra ganharam cargos estratégicos no governo Lula e voltaram a aterrorizar o campo com sucessivas invasões de propriedades produtivas. A escalada da violência levou a Câmara dos Deputados a instalar uma CPI para investigar os responsáveis por essas ações criminosas. Só que nesta quarta-feira (28), o MST retornou ao Plenário Ulysses Guimarães para ser homenageado por conta dos seus 40 anos de existência.
A iniciativa provocou a indignação da bancada ligada ao agronegócio. O presidente da Frente Parlamentar Invasão Zero, deputado federal Zucco (PL-RS), protocolou uma moção de repúdio contra a homenagem. Com o apoio formal da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), mais de cem deputados assinaram o documento. “Essa homenagem é um escárnio e uma afronta a todos os homens e mulheres do campo, os verdadeiros responsáveis por alimentar o Brasil e o mundo. Reafirmamos nossa defesa intransigente ao direito de propriedade, cláusula pétrea de nossa Constituição”, destacou Zucco.
A sessão solene foi marcada por uma série de ataques aos deputados de direita que tentaram fazer uso da palavra. Quem se arriscou a falar na tribuna, como os deputados Rodolfo Nogueira (PL-MT) e Ricardo Salles (PL-SP), foi obrigado a ouvir gritos e xingamentos vindos da plateia, que também virou as costas para os oradores. A segunda secretária da Câmara dos Deputados, deputada Maria do Rosário (PT-RS), que presidia a homenagem, não conseguiu garantir a fala dos parlamentares, que tiveram o microfone cortado. Logo após a homenagem ao MST, dezenas de deputados da oposição realizaram uma coletiva de imprensa no Salão Verde para manifestar o repúdio ao movimento, que teve suas vísceras expostas pela CPI do MST.
A verdadeira face do MST
A CPI do MST deixou um legado histórico. Foram quatro meses de trabalho, centenas de documentos analisados, diligências em assentamentos, oitiva de testemunhas, onde foi possível revelar a verdadeira face do MST e uma extensa lista de crimes: trabalho análogo à escravidão, violência contra mulheres, tortura e lesão corporal, corrupção de menores, lavagem de dinheiro, esbulho possessório (invasão), crimes ambientais e contra animais, extorsão, falsidade ideológica, associação criminosa, precarização da vida, dano ao patrimônio público e incitação ao crime. Um documentário e um livro foram lançados após o encerramento da CPI como forma de documentar os fatos investigados. Diversos projetos de lei foram apresentados para combater e punir os invasores com mais rigor.
Logo após o encerramento da CPI do MST, Zucco articulou a criação da Frente Parlamentar Invasão Zero, fórum permanente de discussões e debates sobre as questões agrárias, violência no campo, direito de propriedade, apoio ao produtor rural e valorização do agronegócio.