Gilberto Jasper
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Sou jornalista há quase 50 anos. Na verdade, “sou repórter” há quase meio século. Comecei por volta dos 16 anos, de maneira informal. Mais tarde cursei “Comunicação Social, habilitação Jornalismo”, na Unisinos, em São Leopoldo.
Sempre nutri profundo orgulho pela profissão que abracei e acredito ser vocação. Como presente, meu filho tornou-se profissional da área. Atua há anos cumprindo diversas funções, algumas que eu sequer arrisco experimentar.
Jamais senti tanta vergonha por tantos colegas que rasgaram compromissos de fazer jornalismo com imparcialidade e isenção. É lamentável o que se lê e ouve nos veículos da mídia atual. Tamanho engajamento político-ideológico é inadmissível.
Chegamos ao disparate de escolher o canal/jornal/rádio e TV/site conforme as conveniências e predileções partidárias. Ou, pior ainda: de acordo com o ódio nutrido pelo veículo contra determinado político ou partido.
É difícil flagrar coerência em comentários ou editoriais – espaço destinado à opinião da empresa proprietário do veículo de comunicação. Eram, outrora, setores nobres, de reflexão e de análise isenta para formar opinião.
Atualmente as reportagens (ou matérias) quase sempre carecem de contraponto, ou seja, da opinião de quem é acusado ou indicado como responsável por um escândalo ou alvo de denúncia. E quando isso acontece, o espaço destinado é minúsculo onde é impossível um raciocínio lógico.
Impressiona, na mesma medida, o fato de que a partidarização da imprensa envolve profissional de larga folha de serviços prestados. Guardo, em pastas de papelão, recortes de jornais amarelados contendo reportagens históricas e comentários de analistas que, com tempo, se mostraram como previsões certeiras ao longo do tempo em nosso país.
Ouvir várias fontes, checar dados, conferir números e cifras e dar espaço para o contraditório antes da publicação são ensinamentos perenes. Preceitos que aprendi na faculdade e redações por décadas. A imprensa foi instrumento fundamental para a redemocratização do país, ao lado da política. Ambas, no entanto, se perverteram, perdendo credibilidade e o respeito do público que pede elementos informativos. Para que mesmo faça seu julgamento. Sem manipulações.