Gilberto Jasper
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Avanços da medicina e da indústria química geraram o aumento da longevidade da população. Hoje, pessoas com 90, 100 anos já não são raridade. O grande desafio, dentro deste contexto, é o processo de atenção à saúde dos idosos.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNADC- realizada em 2023 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 10,9% da população, ou 22,2 milhões de pessoas, estão na faixa etária acima dos 60 anos ou mais. Ainda é incipiente a disponibilidade de espaços públicos voltados ao bem-estar dos idosos. A maioria das estruturas existentes, dotadas de condições materiais e de profissionais de saúde para atendimento, dizem respeito a projetos implementadas pela iniciativa privada.
É cada vez mais comum constatar as dificuldades que afligem famílias com dificuldades para assistir seus velhos – pais, avós e tios. Para a grande maioria da população é inviável manter um cuidador /enfermeira em tempo integral ou mesmo acomodar os idosos em lares geriátricos. O custo elevado, o medo de maus tratos (as notícias sobre isso são recorrentes) e a falta de opções constituem um verdadeiro martírio.
O humanismo é baseado em cuidar das pessoas. Ao contrário do reino animal, onde feridos, moribundos e velhos são deixados de lado, o ser humano participa do que é chamado de processo coletivo de amparo. Rosa Chubaci, professora de Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo )USP), afirma que os centros de convivência para idosos precisam ser ampliados para todas as regiões do país para adicionar qualidade de vida aos anos que as pessoas estão vivendo. “O Brasil está no caminho certo, porém, nós precisamos de um maior número de serviços para idosos”, adverte.
Outra questão a ser considerada é o hábito brasileiro de condenar as instituições de permanência devido à cultura extremamente familiar. “Quando o idoso tem dificuldade de ficar em casa, a família pode lançar mão de serviços das casas de repouso, desde que os familiares façam visitas e levem o idoso para casa de vez em quando”, explica a especialista.
O grande desafio talvez seja investir no processo de envelhecimento para enfrentar o momento delicado da velhice.