qui, 1 de maio de 2025

Variedades Digital | 26 e 27.04.25

ATÉ QUANDO?

Gilberto Jasper
“Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Pois é. O mundo anda tão maluco quem não se pode confiar sequer nos ditados. Prova disso é a repetição do quadro devastador que atingiu mais de 100 municípios gaúchos no final de semana.
Em dois dias – na sexta-feira e no sábado – foram despejadas toneladas de litros d’água que atingiram principalmente as comunidades do Vale do Taquari. As cidades mal iniciaram o processo de recuperação da tragédia de setembro que vitimou mais de 50 pessoas e já foram atingidas por uma nova intempérie.
Sou natural de Arroio do Meio, cidade devastada mais uma vez que, por milagre, não registrou vítimas fatais na enchente de três meses atrás. Visitei minha terra natal uma única vez à cidade desde a tragédia. O clima é de desolação, revolta e consternação diante do que aconteceu. O final de ano promete ser de depressão no lugar dos ruidosos reencontros de famílias e amigos.
A indignação, como sempre, tem como alvo a pretensa morosidade imposta pela burocracia oficial. É compreensível que os órgãos públicos – estaduais e federais – imponham certas medidas de segurança para garantir a justa aplicação do dinheiro enviado. Em alguns casos, no entanto, os atingidos pela enchente argumentam que há exageros na exigência de detalhamento desnecessário.
Os empresários, em especial os pequenos empreendedores, não possuem recursos para realizar as reformas estruturais em suas lojas e empresas. Eles também não dispõem de dinheiro para comprar insumos e mercadorias para reabrir os negócios. O impasse está posto. Enquanto isso, os boletos mensais se acumulam, gerando desespero no esforço de retomar as atividades.
O Vale do Taquari também está indignado com a demora na implementação de mecanismo de alerta para as enchentes, como sirenes e outras estruturas. Argumentam que o modelo adotado em Santa Catariana deveria ser implantado com maior agilidade. Em 1983, Blumenau foi destruída por uma enchente histórica. De lá para cá, o uso de tecnologia foi responsável por soluções que serviram de modelo para diversos Estados, inclusive para outros países.
Lama, falta de energia elétrica e internet, destruição de patrimônios construídos ao longo de uma vida inteira, perda de vidas e sonhos. Até quando?

Francisca Harden

No coração da segurança pública, uma mãe que inspira e protege dentro e fora de casa