Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Vez por outra parece que a humanidade caminha para trás, apesar dos inúmeros avanços nos mais diversos segmentos de atividade. Tive este raciocínio no começo da semana ao deparar com a manchete “Multas por falta de cinto sobem 21%”. Este é o resumo da notícia dando conta que o número de autuações, de janeiro a julho deste ano no Rio Grande do Sul, é o maior em levantamento com dados que são tabulados desde 2010.
A informação foi revelada pelo Departamento Estadual de Trânsito – Detran/RS -. Este aumento é comparativo ao mesmo período do ano passado. Segundo levantamento do órgão, um total de 100,9 mil multas foram aplicadas por falta deste equipamento de segurança.
Lembro do início da obrigatoriedade do uso do cinto. Houve uma revolta generalizada, parecida com a “revolta da vacina”, motim popular de 1904 na cidade do Rio de Janeiro, sob o pretexto de uma lei que obrigava a vacinação contra a varíola. Com o tempo ficou evidente a eficácia do equipamento para garantir a integridade física de motoristas e passageiros.
Há estudos e números em profusão para comprovar a importância deste cuidado. Especialistas em medicina de tráfego atestam que o uso correto do cinto de segurança pode fazer a diferença entre vida e morte em caso de acidente. Já a Organização Mundial da Saúde aponta que a adoção do equipamento reduz entre 45% e 50% a probabilidade de ferimentos mortais entre ocupantes dos bancos dianteiros, e em pelo menos 25% entre quem está no banco de trás.
Basta observar o trânsito rotineiro para constatar que o uso no banco traseiro é bem menos frequente. Autoridades de trânsito dos Estados Unidos revelam que, “quando há uma colisão, pelas leis da física, quem está atrás continua em movimento e atinge quem está na frente. Com a velocidade, que aumenta a massa, mesmo uma criança de 15 quilos acaba sendo projetada como se tivesse o peso de um pequeno elefante”.
Outro aspecto do estudo do Detran/RS revela que houve um relaxamento em relação à disciplina do uso do cinto de segurança após a pandemia que teve vários impactos no trânsito. Inclusive com o aumento de acidentes e de mortes. Apesar dos estudos, parece que o “bicho homem” insiste em ser um “bicho irracional”.