Buenas!
Você que tem mais de 50 ou que frequentou a escola nos últimos 30 anos, como minha filha, que está estudando para o vestibular neste momento (assim ela me diz e eu espero que seja verdade este bilhete), viram na tevê ou leram nos livros escolares que a Guerra Fria acabou ainda nos anos 1990, certo?
Contudo, lendo os jornais, tanto no papel quanto nos sites de notícias, notei que estamos voltando no tempo. Já se disse, o tempo é cíclico, mas podia ser menos irônico, não precisa sempre rir da nossa cara…
A notícia a que me refiro é a visita de Xi Jinping para seu correligionário Vladimir Putin. Se você não sabe do que falo pode largar este artigo e voltar a ver vídeos de dancinhas no tiquetoque e postar selfies no insta.
Mas se conhece os ditos cujos, saiba que eles se encontraram com toda a pompa e circunstâncias nos confins da Sibéria. Uma reunião que apresentou ferramentas muito comuns, só que no século passado.
O coreano chega de trem, blindado, mas trem, o transporte mais seguro do mundo, antes de Santos Dumont, é claro. Vladimir o recebe com sorrisos numa fortaleza isolada do mundo e milhares de seguranças, como cabe a um csar, digo, ditador russo.
O convescote se dá com imagens liberadas, mas de parte muito bem escolhidas, aos moldes das propagandas elaboradas pelos marqueteiros que trabalhavam atrás da cortina de ferro, termo que você também leu nos livros escolares, não adianta negar.
Aliás, o encontro se dá um ano após a invasão dos russos de um vizinho, dizem que negociar algumas munições para o russo continuar brincando de ditador e algumas toneladas de caviar para o norte-coreano manter a forma fisica, digna de uma escultura de Botero – grande artista colombiano que nos deixou este mês.
Você também leu nos livros de história um encontro similar, lembram? Foi ainda no período em que Stalin, aquele do bigodão, flertava com seu mui amigo, Adolf, o do bigodinho.
A conversa ocorreu apos Hitler invadir a Tchecoslováquia em março de 1939. Em 23 de agosto, ele e Stalin se encontram e assinaram um pacto de “não agressão”. Uma semana depois, a Alemanha invadiu a Polônia.
O encontro entrou para a história ao tingir de vermelho-sangue páginas e páginas do já surrado livro da humanidade.
A erva que ira frutificar do encontro de Putin e Xin já sabemos que será daninha, mas o quanto venenosa poderá ser só as futuras páginas dos livros irão nos dizer.
Além, é claro, dos noticiosos que nos chegam toda hora através dos nossos inseparáveis computadores de mão.
Os encontros são diferentes, os tempos são outros, inegável. Porém, há muito com o que se preocupar. A interminável invasão da Ucrânia prejudica não só o próprio país invadido, bagunça com a economia global.
Fora os grãos que deixam de ser exportados para alimentar o mundo pelos países em guerra, há um incremento estratosférico nos investimentos que os países ocidentais despendem em armamento.
A ajuda para o país invadido não se dá com dinheiro vivo, mas através de equipamentos comprados de multinacionais que se locupletam com fortunas bilionárias.
Para as empresas, as guerras não são criminosas, são necessárias! Se não existem, quebram, logo, será que não há um incentivo velado por aí? Tal assunto já foi tema de diversosblivros, séries e filmes.
Para citar um recente, recomendo rever o clássico “Homem de Ferro”, o primeiro. Vou relatar só o trecho relevante para meu argumento.
O personagem Tony Stark vai vender seu arsenal para um país em conflito no Oriente Médio e acaba prisioneiro de rebeldes. Descobre então, que sua empresa fornece, de forma velada, equipamentos para o outro lado também, ganhando mais ainda ao fomentar o conflito.
Será que a arte imita a realidade?
Será que a dupla Putin x Xin estariam tramando algo deste gênero?
Talvez eles sejam tão-somente dois incompreendidos. Dá até para imaginar um diálogo dos dois:
– Oi Pin, há quanto tempo!
– Oi Putin, pois é! Saudades!
– E aí, amigo, tem algo grande para me mostrar?
– Sim, tenho um míssil grande e potente, tua vai se apaixonar!
– Mostra, mostra, tô ansioso!
– Já, já, mas primeiro mostra o teu!
– Tá bem, mostro, mas não vai se decepcionar se for menor que o teu.
– Fica tranquilo, eu vou entender, não é fácil, eu também tento compensar minha condição napoleônica com armamentos…
– Achei que a gente estava falando de mísseis…
– Ops, isso, mísseis…
“Conhecer nosso passado e fazer associações históricas é um eterno roer de unhas”, já disse um conhecido filósofo, no caso, eu.
Porém, seria tão bom conseguir ignorar que líderes poderosos e excêntricos só pensam em brincar com seus objetos fálicos, como outrora fizeram os de bigode.
Que fria!