Em 2009, o passo-fundense Pietro Albuquerque morreu após lutar contra um câncer, aos 19 anos. Ele tinha Leucemia Mieloide Aguda (LMA), doença que afeta as células precursoras dos glóbulos brancos (leucócitos) na medula óssea.
Essa é uma forma agressiva de leucemia que se desenvolve rapidamente. Um transplante poderia ter salvado a vida do jovem, mas os hospitais não encontraram algum doador compatível a tempo.
Quase 15 anos depois, a história real de Pietro se transformou em peça de teatro. Através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, por iniciativa do Instituto Pietro, instituição fundada pelo político Beto Albuquerque, pai do jovem, a Companhia Armazém de Santa Maria percorre escolas e espaços públicos levando o tema e a importância da doação de medula óssea.
Desde junho de 2022, seis cidades já receberam o espetáculo — Passo Fundo, Santa Maria, Porto Alegre, Cruz Alta, Pelotas e Caxias do Sul. A escolha dos locais tem motivo: todos têm hemocentro, onde se retira o sangue do voluntário e encaminha para análise que permitirá, ou não, a doação.
— Eu sempre digo que a arte, cultura e cinema têm muito mais chances de explicar coisas complexas com facilidade, e essa é a proposta da peça. Uma forma lúdica de tratar de um assunto muito sério que atinge mais de 12 mil pessoas todos os anos, além de formar influências positivas que levem essa mensagem para mais pessoas — disse Albuquerque, presidente do Instituto Pietro.
— Essa linguagem lúdica é necessária para que eles entendam e reflitam na sala de aula em outras atividades. A iniciativa vem ao encontro de temas fazemos questão de falar, inclusive nas próprias disciplinas — comenta Thelli Arsand, diretora do EENAV.
Apresentações em Passo Fundo
Em Passo Fundo, duas apresentações aconteceram na segunda-feira (7) para 220 estudantes da Escola Estadual de Educação Básica Nicolau de Araújo Vergueiro (EENAV).
Outras três sessões estão marcadas para esta terça-feira (8), no Teatro Municipal Múcio de Castro, às 10h, 14h e 19h30. A entrada é de graça.
Fila para transplante no RS
A medula óssea é uma espécie de “líquido” que fica na cavidade dos ossos e serve como tratamento para mais de 80 doenças, como leucemia, linfomas, anemias graves e imunodeficiências, por exemplo.
Segundo o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), do Ministério da Saúde, o Brasil possui o terceiro maior banco de registros do mundo, com mais de 5,5 milhões de cadastros como doadores de medula óssea. Só fica atrás dos EUA e Alemanha.
Apesar do número, a miscigenação da população brasileira dificulta a localização de doadores compatíveis. Segundo o último levantamento da Central de Transplantes do RS, 152 pessoas estão na fila pelo transplante de medula óssea.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) elenca quais pessoas podem doar. São eles:
- Ter entre 18 e 35 anos de idade (o doador permanece no cadastro até 60 anos e pode realizar a doação até esta idade)
- Apresentar documento de identificação oficial com foto
- Estar em bom estado geral de saúde
- Não ter nenhuma doença impeditiva para cadastro e doação de medula óssea, como Aids/HIV, hepatites, câncer (exceto de pele) e doenças autoimunes.
Como doar medula óssea em Passo Fundo
O Hemocentro de Passo Fundo também realiza a doação de medula óssea. Pessoas com interesse em doar devem agendar horário para atendimento pelo telefone (54) 3317-2185. No dia combinado, é essencial levar um documento oficial com foto.
Os servidores farão a coleta de sangue e, se houver pessoas compatíveis, haverá a coleta da medula ou sangue, dependendo da necessidade, posteriormente.