Jornal A Plateia

Santa Casa volta a reagendar cirurgias eletivas; financiamento SUS segue sendo um problema

Após receberem os salários do mês de março, os profissionais médicos do hospital Santa Casa de Misericórdia de Sant’Ana  do Livramento deram sinal verde para a direção e começaram a realizar, novamente, as cirurgias eletivas na instituição, nessa semana. Paralisadas desde o final de abril, os médicos embasaram a parada na realização dos procedimentos depois que a direção não cumpriu com o pagamento, marcado para o dia 24 do mês subsequente ao da prestação de serviço. Apesar do pagamento do salário  no início da semana, a quarta parcela do acordo firmado entre Santa  Casa e médicos, com relação ao passivo de dezembro de 2020 só foi pago na quinta-feira (11). Mesmo assim, os profissionais voltaram atrás e deram continuidade ao cronograma de  cirurgias. De acordo com o departamento que realiza a marcação, as cirurgias seguem o mesmo cronograma e devem
ser reagendadas, conforme a lista de espera disponibilizadas via sistema pela Secretaria Municipal de Saúde. Para receber a data do procedimento, o paciente precisa estar com todos os exames pré-operatórios em dia.

AGENDA ABERTA 

Além das cirurgias, outros procedimentos ambulatoriais também são realizados no hospital. Entre eles estão as especialidades de consultas com endocrinologistas e com cirurgiões gerais: atualmente, de acordo com o nosocômio, estes profissionais não estão registrando filas de espera. Para acessar tal serviço, o “trajeto” do paciente deve se dar através da rede básica de saúde, onde deve ser feita a devida requisição para o atendimento especial junto ao hospital.

SITUAÇÃO FINANCEIRA REALINHADA, MAS “VIVENDO UM DIA DE CADA VEZ”

A diretora da Santa Casa, Leda Marisa da Silva, explicou que o atraso no pagamento de serviços por parte o Governo do Estado fez com que acarretasse uma série descumprimento de prazos do hospital, entre eles o do pagamento dos profissionais. Segundo ela, a expectativa é que os próximos vencimentos, acertados de maneira informal com todos os profissionais, não se repitam em maio. Atualmente, os trabalhadores de um modo geral são pagos até o dia 20 de cada mês e os médicos até o dia 24. Questionada se esse cenário de estabilidade pode ser vislumbrado nos próximos meses, Leda destacou que o hospital vive “um dia de cada vez”, tendo em vista a dificuldade financeira enfrentada e a incapacidade de fazer uma previsão a longo prazo, dado que os recursos que entram na instituição são pagos através da Tabela SUS, atualmente defasada, gerando um déficit diário e mensal.

EXEMPLO DE DÉFICIT

Na semana passada, A Plateia apresentou uma série de procedimentos que o SUS não paga adequadamente, isso porque o custeio é abaixo do que é despendido pelo prestador de serviço. Um exemplo dado pela direção do
hospital, nessa semana, é uma enfermidade que interna seguidamente pacientes na Santa Casa, a pneumonia. Para cada caso de acometimento da doença, o SUS remunera, em média, R$ 582,42, deduzindo que o paciente  fique internado quatro dias. No entanto, geralmente, este mesmo paciente fica sete dias e o custo fica em torno de R$ 1.800,00.