Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Os últimos anos em nosso país têm sido marcados pelo profundo sentimento de revanche. Esta característica é marca não apenas no campo político. Ir a um estádio de futebol, por exemplo, é gesto de alto risco. Levar mulheres e criança é temerário, embora dentro e fora dos gramados a presença feminina seja uma afirmação.
No trânsito perde-se a conta da quantidade de incidentes gerados a partir de pequenas distrações ou infrações prosaicas. Manobras banais, motivadas por distração, não raro resultam em episódios violentos, com feridos e até mortos como saldo.
Este clima de beligerância é tema de ensaios, teses e teorias nos mais variados campos de estudo. Hoje no Brasil a intolerância grassa inclusive em grupos que pregam justamente a necessidade de “sermos tolerantes”. A imposição de determinados comportamentos e pontos de vista transformou as redes sociais em arenas sem limites. Falta decência, sensatez, equilíbrio, discrição e alguma dose de bom senso.
A política é segmento tradicional onde vertem variadas manifestações bestiais. Nas duas últimas eleições – principalmente na disputa presidencial – assistimos a disputas de baixíssimo nível. Neste contexto, o contraditório, normal na convivência humana, foi espaço para agressões similares à barbárie.
Não bastasse o desequilíbrio que marcou o período pré-eleitoral em 2018 e 2022, errou quem imaginou que o eleito adotasse a ponderação necessária para dirigir uma nação do tamanho, história e grandeza do Brasil. Tão logo se encerram os festejos de posse, a metralhadora giratória do vencedor virou-se aos desafetos da campanha eleitoral. Adversários são inimigos de morte.
O resultado disto são cenas lamentáveis que fariam corar os senadores romanos durante suas históricas orgias. Palavrões, outrora banidos até dos meios de comunicação, são considerados reações “normais”, inclusive durante entrevistas coletivas no Palácio do Planalto há muito tempo.
Sim, leitores, elegemos mal. Elegemos pessoas que nem de longe compartilham dos nossos valores. Enquanto usarmos o voto for com o fígado e não com o cérebro seremos uma nação envergonhada pelas baixarias protagonizadas por nossos representantes. Fomos nós que os colocamos lá. E sequer cobramos deles um mínimo de educação.