Foi divulgada, na noite desta quinta-feira (23), uma nota assinada por Jeferson Costa, membro do Movimento de Negros e Negras da Fronteira e ativista do coletivo República Negra, abordando o caso de racismo registrado na Escola Liberato Salzano Vieira da Cunha e em solidariedade à vítima, um aluno do Instituto.
A nota pode ser conferida, na íntegra, abaixo:
“Gera preocupação acontecimentos como estes, principalmente quando o ocorrido se concretiza em um ambiente escolar, somado a isso envolvendo adolescentes e suas características e momento de vida, pois bem sabemos a adolescência é uma fase ímpar.
Se torna necessário entender o contexto do ocorrido, mas de toda a forma já se manifestam detalhes que devem imediatamente nos trazer preocupações, tanto no campo da educação (família), do conhecimento (escola), da segurança (sociedade) e do social (ser), desta forma já podemos perceber que trata-se de uma chaga, e enquanto isso o quanto estamos envolvidos em lidar com ela? Me foi perguntado se tenho alguma manifestação enquanto ativo do movimento negro, bom poderia trazer minhas inquietudes como pai, educador ou crente na segurança pública, porem vou deixar meu olhar enquanto observador de algo que se sobressaiu deste incidente, “O Racismo”. Não sou conhecedor de todo o contexto e desta forma só posso falar do que li, vi e/ou ouvi, uma das partes foi chamada de “negro” até ai não há racismo algum se a outra parte é afrodescendente!! Porém a forma com que esta palavra é expressada quer dizer muito, pois se foi pronunciada de uma forma que esteja carregada de insulto e ofensa, tudo muda e se acompanhada de outras (macaco, sujo etc.), pior…
No mês de novembro, tive a oportunidade de visitar, à convite, algumas escolas, turmas de jovens, turmas de jovens e adultos e evento também com os pais. É uma pena que oportunidades como estas são tão sazonais, pois tratar de uma ferida é a melhor solução para encontrar sua cura, nossa sociedade não gosta de falar sobre racismo, pois prefere fingir que ele não existe, pois pensam muitos que falar sobre o assunto poderia torná-lo real, isso é grave pois enquanto nós o negar, permanecera sendo esta veia aberta em nossa sociedade.
Já há um bom tempo atrás fui convidado por um edil de Rivera a participar de um projeto que junto com a Polícia visitava comunidades e abordava temas, dentre eles o racismo. Muito produtiva a oportunidade que tive em dialogar com a comunidade e também com a polícia local, surge a pergunta: eles estão mais avançados que nós neste campo?? – Acredito que não, mas já deram o passo que chama-se enfrentar o problema!!
Seguirei acompanhando o fato e torcendo para que tudo se solucione da melhor forma, sou solidário a família que fez o correto em denunciar, e reafirmo que minha opinião sobre uma ferida, é como nossas mães faziam antigamente, primeiro lavar, tirar as sujeiras do machucado para então colocar “Merthiolate”! mas nunca, simplesmente enfaixar e fingir que “NÃO EXISTE”.
UBUNTU”