As ações asiáticas encerraram a semana em queda generalizada, assim como os futuros em Wall Street, em meio à preocupação de uma nova crise bancária, desta vez envolvendo o Silicon Valley Bank, cujas ações despencaram 60 por cento nesta quinta-feira, um dia depois de lançar uma venda de ações de US$ 2,25 bilhões para fortalecer o caixa do banco, ofuscando parcialmente a divulgação do último payroll antes da decisão do FED.
O SVB citou taxas de juros mais altas e “elevada queima de caixa de clientes” como razões para levantar o novo capital. Além dos US4 1,75 bilhão, a companhia conseguiu mais US$ 500 milhões com o fundo de investimento General Atlantic. O banco possui forte ligação com o mercado de startups, que vem sofrendo com o aperto monetário nos Estados Unidos, provocando dificuldade em levantar mais capital.
Em 2022, o SBV possuía mais de US$ 90 bilhões em títulos do tesouro americano. Com a tendência de manutenção dos juros em patamares ainda mais elevados, esses títulos devem perder valor no mercado, especialmente os mais longos.
O temor do mercado é que o banco, o maior do Vale do Silício, esteja passando por uma crise de capitalização, com pouca entrada de capital em meio ao “inverno” das startups. Além disso, se o aperto monetário se mostrar mais duradouro, é possível que algumas empresas não consigam levantar caixa e, no futuro, deixem de arcar com seus compromissos financeiros.
As ações do setor financeiro estavam entre as mais atingidas na Ásia, depois que os bancos nos EUA entraram em alerta com o iminente colapso da Silvergate Capital (que encerrará suas operações após o colapso da FTX) e os problemas de liquidez no já mencionado SVB Financial Group.
O indicador de ações da MSCI para a Ásia/Pacífico caiu até 2%, a maior queda em mais de um mês, após um forte declínio em Wall Street nesta quinta-feira, enquanto o índice MSCI China apagou todos os seus ganhos do ano.
As ações dos EUA chegaram a subir no início da sessão de quinta-feira, depois que dados mostraram que os pedidos semanais de auxílio-desemprego subiram para 211.000 durante a semana encerrada em 4 de março, acima das expectativas de 195.000, marcando a primeira vez que os pedidos ultrapassaram 200.000 desde o início de janeiro.
Os números preparam o terreno para o relatório mensal de empregos desta sexta-feira, com a expectativa de que números ligeiramente mais fortes do que o previsto, possam confirmar as apostas para um aumento maior na reunião de 22 de março.
Os economistas projetam um aumento de 225.000 nas folhas de pagamento de fevereiro, cerca de metade do ritmo de janeiro. Um número mais fraco do que o esperado pode suavizar as apostas em um movimento de meio ponto em março e inclinar as expectativas para uma alta de 25pb.
Entre as commodities, o petróleo caminha para a maior perda semanal desde o início de fevereiro, com o risco de aumentos mais rápidos das taxas de juros pesando sobre as perspectivas para a demanda de energia.
Por aqui, o presidente Lula jantou nesta quinta-feira com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) para discutir os desafios da base de sustentação do governo no Congresso, além das pautas prioritárias do Executivo no semestre. O jantar ocorreu três dias após Lira afirmar a empresários da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que o governo não tem maioria para aprovar grandes projetos, como a reforma tributária.
A fala acendeu um sinal de alerta para o governo. Ao relatar a fragilidade da base governista, Lira ainda fez menção a estreita margem de votos que deu a vitória a Lula em 2022, afirmando ainda que o governo precisa entender que o Congresso tem“uma atribuição mais ampla” do que no passado.
“Nós teremos um tempo também para que o governo se estabilize internamente. Porque hoje o governo ainda não tem uma base consistente, nem na Câmara nem no Senado, para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional”, disse Lira. O presidente da Câmara também criticou os ataques feitos por Lula à taxa de juros praticada pelo Banco Central (BC) e disse que declarações como essas não agregam.
🔴 Os mercados em queda às 5h50 em Brasília: S&P500 -0.54%, Dow Jones -0.61%, Nasdaq -0.23% e a Europa (STOXX600) -1.77%.
🔴 HUMOR GLOBAL: O Ibovespa fechou em queda de 1,38% nesta quinta-feira aos 105.071 pontos, acompanhando o movimento do exterior,principalmente, por conta de companhias ligadas a commodities. Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, na sequência, 1,66%, 1,85% e 2,05%.
🔴 CRISE DE CRÉDITO 🇺🇸⁉️ Nos Estados Unidos se assustaram, no final do dia, com um possível problema de capitalização envolvendo o SVB Financial Group. As ações da companhia recuaram mais de 60% e puxaram os bancos americanos junto de si. JP Morgan e Bank of American, por exemplo, tiveram baixas de mais de 6%.
🟡 PETRÓLEO EM QUEDA: Os futuros do Brent, que caíram cerca de 5% nos últimos três dias, subiram marginalmente em relação às mínimas de quase três semanas, para US$ 81,72 o barril às 0113 GMT. Por um lado, Petróleo em queda ajuda a inflação, mas pelo outro, denota que da atividade.
🟢 O NOVO ARCABOUÇO – As sinalizações em torno do novo arcabouço tem sido positivas. Ontem, mesmo com um dos maiores leilões do ano ofertado pelo tesouro, observamos forte interesse por parte dos agentes econômicos. A curva de juros cedeu ~30bps. (DI de 10y fechou a ~13,20 e a NTN-B longa ~6,40).
🟢 VALOR – Âncora fiscal vai agradar até ao mercado, diz Tebet.
Segundo ela, o projeto vai atender a dois aspectos importantes: “Do lado da preocupação de zerar o déficit fiscal, a preocupação de estabilizar a relação dívida/PIB, mas atendendo também à determinação do presidente da República: não podemos descuidar dos investimentos para o Brasil voltar a crescer”.
🟢 VALOR – Novo arcabouço fiscal será apresentado a Lula na próxima semana, diz líder do governo.
Segundo Randolfe Rodrigues, caso o presidente dê seu aval à proposta, esta deve ser encaminhada ao Congresso até o fim do mês.
