A Câmara Setorial Nacional do Arroz se reuniu na manhã desta terça-feira, 14 de fevereiro, primeiro dia de atividades da 33ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, em Capão do Leão (RS). O encontro foi realizado no Auditório Frederico Costa e tratou, entre outros temas, de uma estudo que irá mapear a cadeia do arroz, e será coordenado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da escola de Agronomia da Universidade de São Paulo (Cepea-Esalq/USP) e Embrapa.
Conforme o presidente da Câmara, Daire Coutinho, as entidades do setor estão firmando os contratos com as suas participações e, dentro de três meses, é possível que se tenha os primeiros resultados deste diagnóstico da cadeia. Serão observados detalhes desde o lado de dentro da porteira até a visão do consumidor sobre o produto. “As entidades de uma forma geral estão colocando para o Cepea e para a Embrapa as suas necessidades e sob que ótica gostarão deste trabalho e eventualmente ele deve iniciar nos primeiros dias de março. Vai se desenrolar fazendo uma análise objetiva de todos os elos da cadeia, desde a participação de insumos até as questões de consumo”, detalhou Coutinho. Segundo ele, o consumo tem sido tratado como um subíndice do quadro de oferta e demanda. Esta será a primeira vez em que uma pesquisa deve levantar a realidade do consumo de arroz do Brasil.
Para Daire Coutinho, de uma maneira geral a cadeia está muito homogênea. Ele acredita que os dois últimos anos trouxeram ao produtor de arroz uma situação diferente dos anos anteriores e como resultado, até por uma busca pessoal do produtor por outras alternativas, houve o incremento no plantio de soja, de milho e da própria pecuária. “Assim como das entidades que enxergaram também esta dificuldade e trouxeram ao produtor a visão dessa necessidade de mudança. E hoje a gente tá vendo aqui na Abertura da Colheita do Arroz, quem vai lá nos estandes, quem vai nas lavouras, vê lavouras outras que não só arroz. Isso trouxe o produtor para uma situação um pouco diferente dos últimos anos que ele vivia”, avaliou o dirigente. Ser multissafras, para Coutinho, é um caminho sem volta. “Acho que isso veio, vai ficar, regiões como a minha ali em Camaquã a gente está vendo não mais o crescimento da soja, mas sim o crescimento da soja irrigada e o produtor investindo muito nisso e com certeza isso veio para ficar”, disse. Ele conta que o assentamento do Banhado do Colégio, em Camaquã, foi pioneiro na produção de milho e hoje se está vendo o voltar uma produção de milho para estas áreas que eram efetivamente, há alguns anos atrás, exclusivas de arroz. “Se brigava por mais áreas de irrigação de arroz e hoje sobra, na área da barragem do Arroio Duro, água para irrigação de arroz e esta área está sendo usada para irrigação de soja”, detalha.
Ele também celebrou a fala do presidente da Federarroz, Alexandre Velho,a respeito da evolução da cadeia produtiva do arroz. “Nós vimos hoje nas palavras do Alexandre um reconhecimento de que algumas das dificuldades extrapolam a relação e estão lá no consumidor, lá no varejo, que infelizmente é ente desta cadeia, mas não participa. Então eu acredito que toda essa evolução que vem acontecendo internamente vai nos trazer a possibilidade de entender um pouco mais estas questões do consumo e este levantamento pela Cepea e Embrapa vai focar muito nisso e hoje é uma atitude a ser conhecida”, avaliou Daire Coutinho. A estimativa é de que serão conhecidas não só a relação de consumo em relação ao produto, mas das próprias questões do consumidor, como ele encara toda a cadeia que está por trás de um pacote de arroz.