A área Técnica da Famurs monitora evolução da estiagem e perdas na agricultura e pecuária com base nos dados informados pelas prefeituras aponta que prejuízos podem chegar a R$56 bilhões.
A estiagem já levou mais de 40% dos municípios gaúchos a declararem situação de emergência no ciclo hidrológico 2022/2023. De acordo com a atualização dos dados dos órgãos de Defesa Civil prefeituras noticiaram declaração de Situação de Emergência diante da escassez hídrica.
Parte destes municípios informaram ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres S2ID do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional estimativas de perdas econômicas que alcançam mais de R$5,6 bi, somando perdas na agropecuária de R$4,3 bi e R$1,3 bi na pecuária. Embora sejam dados preliminares, que mudam rapidamente, e que não englobam a totalidade dos municípios que decretaram situação de emergência, os números apontam o grande impacto econômico que a estiagem provoca no RS.
A implicação social na vida dos gaúchos é sentida pela falta de acesso à água. A estimativa atualizada de gastos dos municípios com transporte de água é de R$10,6 milhões, pleiteados junto ao governo federal, recurso para ser utilizado para a locação e abastecimento de caminhões pipa e aquisição de reservatórios de água.
Para o presidente da Famurs, Paulinho Salerno, a Famurs tem buscado agilizar junto ao Estado a concretização dos convênios do Programa Avançar para a construção de cisternas, perfuração de poços e abertura de microaçudes nos municípios, que visam reduzir os efeitos cíclicos que a La Niña impõe aos nossos produtores. “Precisamos modernizar as políticas públicas de mitigação dos efeitos dos períodos de estiagem, cada vez mais frequentes e intensos, por meio da criação de uma plataforma para operacionalizar os programas e de linhas de crédito para sistemas de reservação de água e irrigação”, defendeu Salerno.
A Área Técnica de Agricultura da Famurs também elaborou, com base na estimativa de produção do IBGE divulgada em dezembro e considerando o relato dos municípios referentes à diminuição hídrica, uma projeção de perdas na produção das diferentes culturas agrícolas do estado. A produção esperada para soja era de 21.3 milhões de toneladas, isso se o período entre o plantio e a colheita observasse condições de chuva normais, mas calculando com base em uma diminuição hídrica 20% menor, a estimativa de queda na produção chega a cerca de R$12 bi.
O milho é uma cultura mais sensível à falta de chuva, resultando em perdas maiores, de até 40%. Diante de uma safra estimada em 5.8 milhões de toneladas, a redução pode atingir a cifra aproximada de R$3 bilhões. Com amplo uso da irrigação, o arroz deve ser a cultura que menos deve oscilar, mesmo com o clima adverso. Ainda assim, calcula-se uma quebra de 10%, que pode totalizar R$1,2 bi de prejuízo para os produtores.
Em relação à pecuária, ao observar a estimativa de perdas de R$ 1.4 bi em 129 dos 222 municípios que já relataram danos na safra, a assessoria da Famurs prevê, ponderando com base em uma média dessas perdas já informadas os possíveis danos sobre os municípios ainda sem dados, prejuízos certamente superiores a R$ 2,1 bi. Essas perdas somadas chegam a R$ 18,7 bi. No entanto, o impacto econômico precisa considerar que a agricultura é a base de uma cadeia comercial, portanto, uma avaliação precisa considerar o fatos multiplicador de reflexo. Em geral, para cada real não gasto, triplica-se a perda, assim teremos a soma bilionária de perda de produção e circulação de recursos na ordem de R$56 bilhões.
Os dados são monitorados pela Área Técnica de Agricultura da Famurs com base nos dados informados pelos municípios ao S2ID e aos órgãos de Defesa Civil, incluindo estimativas de prejuízos diante da seca.