O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) divulgou, na noite desta quarta-feira (20), um ofício em que rejeita a proposta oficializada pela Santa Casa de Misericórdia que propõe a renegociação das dívidas oriundas da prestação de serviços do corpo médico de diversas especialidades.
Leia abaixo parte do ofício assinado pelo presidente do Simers Marcos Rovinski e pelo diretor de interior do Sindicato Luiz Alberto Grossi:
É de se destacar que este Sindicato realizou assembleia geral extraordinária no dia 19 de julho de 2022 e, por decisão unânime, os profissionais médicos decidiram que não aceitam a proposta feita por parte da Santa Casa e poder Executivo Municipal, a citar “ a) pagamento integral dos salários dos profissionais médicos referente ao mês de junho de 2022, até o dia 25 de julho de 2022; b) pagamento parcelado dos salários dos profissionais médicos referente ao mês de maio de 2022, em 7 parcelas mensais e consecutivas, a contar de 25 de agosto de 2022; c) abertura de tratativas para análise conjunta das dívidas pretéritas, com reunião a ser designada no mês de agosto, por meio de mediação do Ministério Público”. Dessa forma, optam por manter os efeitos das cartas de rescisão contratual, reiterando os termos e prazos constantes nos documentos entregues pelas especialidades.
Por outro lado e em razão da importância das atividades desempenhadas pelos citados profissionais, na citada Assembleia, igualmente de forma unânime, os profissionais médicos deliberaram no sentido de ofertar a seguinte contraproposta ao Nosocômio:
1) Os profissionais médicos aceitam retornar às suas atividades, tornando sem efeito as cartas de rescisão se a Santa Casa e/ou a atual interventora, pagar IMEDIATAMENTE e de forma INTEGRAL, as remunerações do mês de maio e junho de 2022; e
2) aceitam parcelar o mês de dezembro de 2020 em seis parcelas mensais e consecutivas, a contar de 25 de agosto de 2022;
3) abertura de tratativas para análise conjunta das dívidas pretéritas, com reunião a ser designada no mês de agosto, por meio de mediação do Ministério Público;
4) mediante o aceite aos termos constantes nos itens 1, 2 e 3 supra, os médicos voltam a realizar as cirurgias eletivas.
Em não havendo aceitação dos termos da contraproposta realizada pelos profissionais médicos, salienta-se que serão mantidas as cartas de rescisão e, a partir das 00h do dia 21 de julho de 2022, a Santa Casa de Misericórdia de Santana do Livramento não contará mais com a equipe de cirurgiões; a partir das 00h do dia 22 de julho de 2022, não contará com equipe de anestesistas e assim sucessivamente, conforme a especialidade.
Dessa forma, em que pese sabedor da crise financeira que assola a Instituição, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, no cumprimento das suas atribuições legais de defender a qualidade na assistência e a oferta de premissas dignas para o competente e ético exercício profissional, vem informar os fatos acima elencados e aproveita o ensejo para indagar quais serão as estratégias a serem adotadas por parte desta Santa Casa para quitar as dívidas contraídas junto aos profissionais médicos que trabalham em prol da instituição?
Para total ciência e transparência, leem-nos em cópia autoridades dos mais diversos setores para que tomem as medidas que julgarem pertinentes. Por fim, requer-se que o presente ofício seja respondido no prazo de 24 horas, a fim de que este Sindicato possa encaminhar as informações aos profissionais médicos que representa.
Em entrevista exclusiva ao programa Resenha Livre, da TV A Plateia, a diretora administrativa da Santa Casa, Leda Marisa da Silva, se posicionou sobre o anúncio e afirmou que o executivo buscará encontrar uma solução imediata. “Quero crer que a gente tem condições de construir uma proposta que, se não for exatamente essa que o Simers nos apresentou formalmente, que seja uma que os contemple por hora e que nos permita construir uma proposta que, não podendo ser a ideal, que seja a possível, sendo viável financeiramente para a Santa Casa e que contemple os médicos”, ressaltou.
Por ora, os cirurgiões que assinaram a carta de demissão no dia 20 de junho passaram a deixar de prestar o serviço à Santa Casa a partir de 00h desta quinta-feira (21). A direção garante que o serviço de emergência permanecerá funcionando e buscará se reunir com o executivo ao longo do dia.