A comunidade santanense ainda é impactada pelos novos elementos tornados públicos, na terça-feira (26), pela denúncia do Ministério Público Federal, em que coloca o vereador e ex-secretário de Saúde, Enrique Civeira (PDT), o ex-prefeito Ico Charopen (PDT) e o ex-procurador do município, Ramzi Zeidan, como denunciados por corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro no que, para a Polícia Federal, foi o desvio de dinheiro do hospital Santa Casa de Misericórdia, em 2019, quando o Instituto Salva Saúde, administrou a instituição.
Segundo a denúncia, foram contabilizados cerca de 25 encontros entre Enrique Civeira e o médico responsável pelo Instituto, Jan Christoph Lima da Silva, diversos deles com a presença de ex-prefeito Ico Charopen, dos quais onze seriam para supostamente tratar de “contratos” ou “documentos”.
Para o MPF, durante os encontros se observa a potencialidade de um cenário de pagamento de propina. “Calha destacar que, apesar das diversas menções a tratativas sobre “contratos”, em nenhuma oportunidade houve a especificação do objeto dos supostos documentos. As referências genéricas e evasivas, acompanhadas da marcação de encontros e indicativos de que seria “melhor falar pessoalmente”, indicam que os ditos documentos e contratos eram um tipo de código mantido pelos investigados para a entrega de dinheiro. Não por acaso, em algumas passagens esses encontros coincidiam com saques de grandes quantias de dinheiro por Jan”, diz a denúncia.
Durante todo o documento, o MPF destacou que os indícios são robustos no sentido de que Ico, Civeira e Ramzi desenharam um esquema de corrupção, do qual Jan Christoph fez parte, oferecendo-lhes beneficiamento. “Ao que tudo indica, o efetivo pagamento dos agentes públicos denunciados ocorria pela entrega de valores espécie, em reuniões fechadas e restritas aos interessados”.
DIÁLOGOS ENTRE CIVEIRA E JAN
Durante a denúncia, são apresentadas diversas conversas entre Enrique Civeira e Jan Christoph, delineando diálogos que explicitam uma série de encontros, cujos objetos seriam tratativas sobre “documentos”, “negócios” e “contratos”. As datas indicam que essas conversas começaram logo após a celebração do contrato, dias depois da contratação do Instituto.
CONTRAPONTO
Procurado, o ex-prefeito Ico Charopen (PDT) não atendeu as ligações. O médico Jan Cristoph Lima da Silva não foi encontrado. A defesa do vereador Enrique Civeira e do ex-procurador Ramzi Zeidan afirmou que ambos não praticaram nenhum ilícito e que vai apresentar provas para comprovar a inocência dos clientes.
