dom, 23 de março de 2025

Variedades Digital | 22 e 23.03.25

OPINIÃO: Novembro: Mês de Todas as Consciências

Mari Machado

Meu nome é Mari, sou mãe de três filhos. Fui criada pelos meus avós e desde cedo conheci a batalha para vencer as desigualdades e a importância de estudar. Esse legado, repetido incansavelmente pelo meu avô e avó, eu passei para meus filhos. Estudar e estudar, já que o conhecimento é a única arma contra a ignorância, a incompreensão, o preconceito e a pobreza.
Duas faculdades depois, Pedagogia e Direito, a sombra da desigualdade ainda pairava na minha consciência. Tive um colega negro nesses 10 anos de curso… Já os filhos, somadas todas as graduações que fizeram, são mais de 20 anos nas Universidades. Assim como eu, poucos negros e negras tiveram como colegas, não mais que 5.
Estou aqui, no me “lugar de fala”, de mulher branca, que não nasceu em berço esplendido, que teve seu primeiro emprego aos 14 anos, que fez magistério para ter uma profissão (e gostei muito, ainda bem…), que batalhou muito para criar os filhos e ter autonomia financeira e que é uma trabalhadora brasileira, como tantos e tantas. Mas, não posso deixar de me indignar e aproveitar o novembro para falar de consciências. Não apenas a negra, mas a de todos nós.
É cristalina a diferença entre as oportunidades entre brancos e pretos. Nos meus 56 anos, experimentei pessoalmente a vivência do estudo e acompanhei de perto a dos meus filhos e é flagrante a falta de acesso a instrumentos básicos para a superação de desigualdades para os negros e negras. Dados do INEP de 2019 dão conta de que dos 8,6 milhões de pessoas matriculadas no ensino superior, apenas 613 mil são pretas, ou seja, vergonhosos 7,12%. Certamente isto é reflexo da jornada percorrida pelos negros e negras. Entre os maiores de 25 anos que são analfabetos, 11, 8% são negros e apenas 8,43% dos negros terminam o ensino superior. Os últimos registros do CADUNICO sobre o extinto Programa Bolsa Família, indicam que 70% dos beneficiados são pretos. Condição econômica profundamente excludente, que condiciona a população negra a um lugar específico na sociedade brasileira.
Embora a política de cotas tenha permitido que mais negros tenham acesso à universidade e sejam hoje 50,3% nas universidades públicas, isto acontece pela primeira vez no Brasil, em 521 anos de existência. Destes, durante mais de 300 anos os negros e negras foram submetidos à escravidão.
Reparação histórica virou uma afirmação politicamente correta, fácil de integrar nos discursos, mas que sem políticas públicas efetivas de inclusão, combate ao racismo e enfrentamento ás desigualdades não passam disso: bonito de dizer.
É preciso fazer acontecer. Olhar para o lado e ver que no lugar onde moramos a maioria da população pobre é negra, que pessoas abordadas pela polícia na rua são negras, que a maioria dos jovens que morrem neste país vítimas da violência são negros, que para as mulheres negras a desigualdade econômica e social é ainda maior que para as brancas, que sem acesso a vida digna, direitos e oportunidades iguais o Brasil jamais irá reparar este povo que o construiu com (verdadeiramente) sangue, suor e lágrimas.

Mari Elisabeth Trindade Machado
Pedagoga e Advogada
Secretária Especial da Executiva Nacional do PSB
Secretária Geral do PSB RS

Com Gil do Vigor em Feirão, negociações de dívidas no país crescem 34% nos primeiros três meses do ano, segundo a Serasa

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