A pandemia foi marcada pela polêmica. Não bastasse tratar-se de um evento relativamente inédito para as atuais gerações, a incidência do Covid-19 ocorre em um momento de radicalização sem precedentes. Entre tantas notícias que instigam e alimentam a eterna guerra das redes sociais uma delas foi a determinação do retorno obrigatório às aulas por decreto emanado do Governo do Estado.
Como em todos os eventos de rivalidade existem argumentos a favor e contra que fomentam o bate-boca infindável. Parte defende que a volta deveria ser optativa, cabendo a decisão aos pais. Outros criticam a demora do retorno argumentando prejuízos incalculáveis gerados pelo confinamento compulsório afirmando que o índice de infecção entre a gurizada é muito baixo.
Independentemente dos pontos de vista, considero que a educação sofreu gravíssimos prejuízos com o “fecha tudo, fica em casa”. A ausência da rotina presencial comprometeu a aquisição de novos conhecimentos. O vácuo de um ano também provocou a perda daquilo que já havia sido apreendido antes da pandemia.
Outro aspecto com profundo impacto diz respeito ao social. Crianças e adolescentes ficaram sem interagir com colegas, professores e funcionários das escolas. Vivemos em um mundo marcado pelo uso maciço de tecnologia. Também se nota com nitidez a presença de indiferença e egoísmo que são marcas desta época. A dificuldade de conviver com a frustração agrava as relações, sendo responsável por explosões de temperamento, irritação, brigas e convivência familiar.
É impossível calcular o impacto do prejuízo causado pela interrupção das aulas por este largo tempo. O efeito devastador somente poderá ser auferido no futuro, sem perder de vista que esta geração fornecerá os líderes e dirigentes ali adiante.
Os docentes também enfrentaram tempos difíceis, de improvisações, dificuldades e falta de assistência para adaptar o novo jeito de lecionar. Manter a atenção dos alunos diante de uma tela de computador constitui uma tarefa desafiadora que exige muita disciplina, pesquisa e força de vontade. Como se já não bastasse o cabedal de problemas que os professores enfrentam no cotidiano.
Aos pais que trabalham e que enfrentaram momentos de desespero o longo da pandemia resta esperar que agora normalidade retorne gradativamente. Todo o resto são especulações e esperança.
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]