qui, 1 de maio de 2025

Variedades Digital | 26 e 27.04.25

“Façanhas” para esquecer

Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]

Entre os ensinamentos básicos na criação de meus filhos consta respeito, educação e observância à hierarquia – que nada tem a ver com cargos. Sempre insisti na reverência ao prefeito, governador e Presidente da República. Independente de partido. São autoridades eleitas pelo voto, símbolo maior da democracia.
Sábado o Presidente Bolsonaro visitou a 44ª Expointer no Parque Assis Brasil, onde recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha (a maior honraria da Assembleia Legislativa) e almoçou na Farsul, sem a presença do governador Eduardo Leite e do presidente da Assembleia, deputado Gabriel Souza. Acima de tudo isto é uma descortesia. E isso nada tem a ver com atropelos verbais do Presidente, autoridade maior do país.
Ambos “esqueceram” que representam o RS e não apenas seus eleitores e partidos (ou projetos pessoais). Eles reivindicaram os cargos que ocupam. Não foram obrigados a comandar os poderes e, assim, serem lideranças de todos os gaúchos e deveriam honrar a tradição de hospitalidade e fidalguia de nossos antepassados.
Tive a honra de trabalhar com o ex-governador Germano Rigotto, um gentleman, político civilizado e cortês que jamais foi grosseiro. Nem quando foi ludibriado na vergonhosa escolha do candidato à Presidência da República pelo MDB em 2006 quanto teve mais votos que Antony Garotinho.
Rigotto visitava com frequência o então Presidente Lula que, por sua vez, esteve inúmeras vezes no RS em uma época de radicalização PT-MDB. Isto, porém, não impediu que o petista fosse recepcionado – sempre – com gentileza, um bom churrasco, exibições artísticas e presentes, gentileza estendida a toda comitiva. Antes da visita o governador checava pessoalmente cada detalhe da visita, exigindo zelo e capricho de todos os envolvidos.
O que se viu na Expointer – onde sequer o Vice-Presidente Hamilton Mourão foi recebido dignamente – é o retrato da política atual. Disputas pressupõem minimamente a observância de um código ético básico que baliza as relações de qualquer grupo social. Como gaúcho, senti constrangimento diante dos episódios da Expointer e com os reiterados comportamentos de quem prometeu, ao longo da campanha eleitoral, “fazer diferente”. Estas “façanhas”, com certeza, causam vergonha. Jamais orgulho.

Francisca Harden

No coração da segurança pública, uma mãe que inspira e protege dentro e fora de casa