Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Sou jornalista há mais de 40 anos, seguindo uma vocação que brotou nos concursos de redação em que a facilidade de redigir permitiu a conquista de algumas medalhas. Mais tarde, contrariando a vontade do pai – contabilista – fugi do risco de tornar-me servidor da do Banco do Brasil. Mesmo a contragosto prestei dois concursos.
Como “escrevedor de história” – cada reportagem é um ”causo” – sempre deparei com um ou outro profissional de comunicação que não resistiu às tentações políticas e ideológicas, mas eram exceções. O mesmo acontecia no âmbito esportivo.
Muitos amigos ficam chocados quando escrevo da vergonha que sinto de colegas que outrora foram motivo de grande admiração, mas que hoje cederam ao fanatismo típico das redes sociais. A imparcialidade é uma conquista difícil que deve ser perseguida obsessivamente.
Ser imparcial não significa deixar de ter opinião. É dar ao ouvinte/leitor/telespectador/internauta o direito de conhecer “os dois lados” da história para fazer o seu julgamento. Sem isso não temos jornalismo. É exercício partidário, de simpatias que ofendem a inteligência e o preceito de respeito ao público.
A divisão político-ideológico do país contaminou a imprensa e torpedeou de morte a sua credibilidade. Ao contrário do que possam imaginar e fiel a meus princípios, não defendo uma “mídia amiga” que só fale a favor de quem admiro. O contraditório é fundamental.
Causa revolta a tendência exacerbada de só elogiar ou apenas encontrar defeitos em personagens públicos, instituições e ideias. É uma idiotice imensurável. A convivência com os contrários deveria inspirar e construir novos conceitos, soluções para problemas que afligem o país. Meu pai foi vereador em 1968 de um partido de oposição ao poder. O prefeito, amigo pessoal, mas adversário político, com frequência vinha à nossa casa discutir projetos para melhorar a vida dos conterrâneos.
Eram anos difíceis, de restrições, pouco desenvolvimento das comunicações. Talvez por isso o debate saudável, respeitoso e com conteúdo construtivo predominava, distante da radicalização que pouco constrói. Muitos falam mal do passado. Mas lá, tudo era muito diferente da “grenalização” que transforma discussão em briga, adversários em inimigos e opositores em alvos a serem dizimados. Lamentável!