Gilberto Jasper
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Estes tempos inéditos têm servido para evidenciar a hipocrisia humana. Que atire a primeira pedra quem, nestes últimos 12 meses, não criticou alguém por participar de aglomerações, deixar de usar máscara ou deixar de adotar os cuidados sanitários. Ao mesmo tempo… quem não infringiu ao menos uma destas normas?
Comércio e indústria têm sido apontados como culpados pela proliferação do vírus que nasceu na China (a OMS mandou uma equipe para lá, mas não descobriram nada!). Se é fácil colorir mapas e mandar fechar tudo, difícil é combater as festas clandestina. Será assim mesmo tão difícil?
No Rio Grande do Sul os prefeitos foram convocados a dividir o ônus de decisões amargas no início da pandemia. Meses depois o Governo do Estado arquivou a ideia da “cogestão”. Os números recrudesceram, as UTIs são insuficientes e os mortos aumentam.
Cada vez mais premidos com obrigações e despesas, os prefeitos sabem que em breve serão outra vez convocados para dividir o desgaste de medidas antipáticas. Respeito opiniões em contrário, mas o governador Eduardo Leite teve equilíbrio e coragem até lançar-se candidato à Presidência da República. Sem falar que isso ocorreu em um evento político-partidiário que não poderia ser realizado no Galpão Crioulo do Palácio Piratini.
Como candidato, o governador elegeu o Governo Federal alvo de críticas diárias. No final de semana tentou faturar prestígio com a instalação do primeiro hospital de campanha na Capital. A obra é uma conquista do esforço do prefeito Sebastião Melo que, com o Exército Brasileiro, viabilizou a obra.
A politização da crise era esperada, mas jamais imaginou-se que haveria espaço tão generoso para dar vazão às vaidades políticas de tantos personagens. As inúmeras mortes não têm o condão de sensibilizar quem deveria dedicar as 24h do dia na busca de soluções para minimizar o sofrimento de milhões. A radicalização está nas redes, mas em breve chegará às ruas, consequência de recente decisão monocrática do Supremo Tribunal Federal.
Não acredito que ao longo de 2021 teremos um mínimo de normalização da rotina anterior ao ano passado. Tão nocivo quanto o vírus que assola o mundo é a falta de comprometimento humano de quem deveria estar preocupado em salvar vidas, ao invés de sonhar com altos voos políticos.
