O selo garante que o vinho expresse as características da região na qual foi produzido
Buscar novos mercados e atrair novos consumidores será sempre um desafio das vinícolas da Região da Campanha, que há décadas produzem excelentes vinhos com as características peculiares da nossa região, que se consolida cada vez mais no mercado vitivinícola. Localizada no bioma Pampa, a Campanha Gaúcha tem características únicas sendo a região mais quente do Brasil entre as produtoras de vinhos e com menor volume de chuvas. As grandes extensões de áreas planas ou de baixa declividade também são um diferencial da Campanha.
Graças à organização dos produtores da região, os vinhos finos e espumantes da região da Campanha Gaúcha conquistaram a Indicação Geográfica (IG), que confere o direito de uso do signo que atesta a origem da bebida. Solicitada pela Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a IG foi concedida na modalidade Indicação de Procedência (IP). O selo garante que o vinho daquela garrafa expresse as características da região na qual foi produzido.
A qualidade que o consumidor irá saborear na taça, atestada pelo selo da IP, é resultado de um processo que envolveu cerca de cinco anos de pesquisas, discussões e estudos de um grupo interdisciplinar sobre a região, que elaborou um dossiê, incluindo elementos científicos, gerados em projeto liderado pela Embrapa Uva e Vinho (RS).
Para a presidente da Associação de Vinhos da Campanha Gaúcha, Clori Peruzzo, esta é uma conquista muito importante para todos os produtores, pois o selo de procedência que, em breve, deverá estar estampado nos vinhos finos da região irá possibilitar um melhor posicionamento de mercado ao produto. “Estamos muito felizes com essa conquista que representa uma qualidade atribuída aos vinhos da região”, celebra. Ela destaca que a região conta com 17 vinícolas e espera que muitas já comecem imediatamente o processo de produção de vinhos com IP. “Há menos de 30 dias terminamos a safra e com certeza foi uma das melhores dos últimos dez anos. Vamos trabalhar para que os nossos vinhos estejam no mercado o mais rápido possível”, afirma.
Peruzzo comenta que a expectativa das vinícolas é que esse reconhecimento chame a atenção dos consumidores para os produtos e motive ainda mais o turismo na região. “Já temos na Campanha nove vinícolas com estrutura para receber os turistas e tenho certeza que, muito em breve, outras também irão implementar em seus projetos novos serviços, dando mais espaço para o enoturismo”, antecipa.
Ela conta que os apaixonados por vinhos buscam cada vez mais experiências completas. Visitar a região, desfrutar a paisagem, visitar o parreiral no qual a uva foi cultivada e a vinícola onde o vinho foi elaborado, ouvir a história, conversar com o produtor, ouvir as explicações enquanto o vinho é degustado entre barricas ou espaços especiais para recebê-lo, são fatores que conferem um sabor especial ao vinho degustado.
CAMPANHA GAÚCHA
A Campanha Gaúcha é o segundo maior polo produtor de vinhos finos do Brasil, respondendo por 31% da produção, vindo após a Serra Gaúcha, onde se concentram 59% da produção nacional. É uma das regiões que passou a elaborar vinhos na década de 1980 e, a partir dos anos 2000, ganhou novo impulso, com aumento da área cultivada e o surgimento de diversas vinícolas na região.
Ela abrange em todo ou em parte 14 municípios: Aceguá, Alegrete, Bagé, Barra do Quaraí, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra, Itaqui, Lavras do Sul, Maçambará, Quaraí, Rosário do Sul, Sant’Ana do Livramento e Uruguaiana.
Como as grandes regiões vitivinícolas do mundo, ela conta que a região tem desenvolvido atividades de enoturismo, criando espaços de recepção, degustação e até de enogastronomia e realização de eventos, como o Festival Binacional de Enogastronomia, realizado em Sant’Ana do Livramento e Rivera (Uruguai).
Atualmente 6 vinícolas que estão instaladas em Livramento fazem parte da associação: Almadén, Cordilheira de Sant’Ana, Pueblo Pampeiro, Vinhética, Nova Aliança e Vinícola Salton.