A advocacia é uma profissão que surgiu há milhares de anos e foi construída e moldada durante todo esse tempo por várias culturas e povos diferentes até chegar ao século XXI, o advogado é responsável pela garantia da justiça, da busca pelos direitos da sociedade. A advogada Manuela Sanches falou sobre o exercício dessa profissão.
Por que você escolheu ser advogada?
Desde pequena, sempre gostei de defender as minhas ideias, de tentar convencer a família e os amigos sobre aquilo que eu pensava e de questionar as coisas. Como dizia a minha mãe, “já vem ela, advogada sem pasta” (risos). Sempre abominei injustiças. A advocacia realmente era a minha vocação, eu nunca tive uma segunda opção de profissão. Quando adulta, sabia que seria uma profissão difícil, pois não possuo nenhum advogado na família e teria que tentar construir meu nome com base apenas no meu trabalho e nos meus princípios.
O que te levou a escolher a área previdenciária?
Em primeiro lugar, os meus estágios. Por coincidência (ou não), a maioria dos meus estágios teve alguma relação com o direito previdenciário, o que fez com que eu me interessasse em aprender a matéria. O meu último estágio, inclusive, foi na Procuradoria do INSS, onde tive o privilégio de aprender muito com a procuradora e os servidores, os quais foram exemplos para mim. Após, efetivamente atuando na área, logo nas primeiras demandas, tive a plena certeza de que seria a minha área de atuação, devido à efetiva possibilidade que tenho de fazer a diferença na vida das pessoas, quando essas se encontram em situações de maior vulnerabilidade social.
Quais são as áreas que você considera ter atualmente maior destaque no Direito?
Acredito que a área previdenciária, a trabalhista e a tributária, principalmente em face das reformas, como a Reforma Trabalhista, em 2017; a Reforma da Previdência, no final do ano passado; e a Reforma Tributária, que futuramente deverá ocorrer. Tratam-se de áreas do direito complexas e que, embora sofram constante alterações legislativas, os conflitos sempre existirão em larga escala.
Qual a melhor parte da advocacia?
Poder contribuir como um agente de transformação social. Não há, na minha atuação, nada mais significativo do que dar a notícia ao segurado sobre a concessão de um benefício esperado, especialmente quando esse pagamento recupera a dignidade de alguém. Nunca esquecerei quando uma cliente avisou-me que a missa de sua cidade seria em Ação de Graças, para que Deus me iluminasse e me desse saúde, pois eu havia conseguido o restabelecimento de um benefício. Ou ainda, quando uma cliente enviou-me uma mensagem, contando que carregava o meu nome em sua bíblia, porque eu havia transformado a vida de sua família. Circunstâncias como essas fazem valer a pena, sem nenhuma sombra de dúvida, todo o esforço diário enfrentado.
Qual é a parte mais difícil?
Quando nos deparamos com decisões injustas ou com realidades sociais extremamente difíceis, em que, mesmo atingindo o direito, não é o suficiente para transformar significativamente a vida daquela pessoa, tamanha a sua vulnerabilidade. Muitas famílias vivem em situação de extrema miserabilidade. O benefício previdenciário, para elas, ajuda, mas muitas vezes apenas como um “respiro”.
Para você, o que uma pessoa interessada na carreira do Direito deve saber, antes de escolher a profissão? Que conselhos daria a essas pessoas?
Antes de escolher a profissão, a pessoa deve ter convicção de que o estudo será constante na área jurídica, pois a legislação sofre frequentes alterações. Deve ter a consciência de que, cada processo não é apenas mais um processo, mas que estamos lidando com a vida das pessoas, o que aumenta a nossa responsabilidade. Ainda, deve estar disposta a dedicar-se em tempo integral ao direito, muitas vezes nos deparamos refletindo sobre uma estratégia jurídica em plena madrugada.
Para quem possui o interesse na carreira, sempre repito que a advocacia é fascinante, e que, embora muitas vezes percamos temporariamente a esperança, todo o esforço é sim recompensado, quando nos vemos interferindo eficazmente na vida das pessoas, contribuindo para o resgate de suas autoestimas e fazendo com que elas vivam, de alguma forma, melhor.
Sobre conselhos, se eu puder dar algum, diria que estude muito e se especialize. Procure a área do direito que mais lhe interessa e se aprofunde nela, buscando conhecer toda a legislação existente sobre a matéria, a jurisprudência e, sobretudo, saber entender a necessidade do cliente e buscar, com segurança, a melhor solução.
Manuela Sanches, Advogada
OAB/RS 86.329
Especialista em Direito Previdenciário.
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