Somente no último mês, 13 mulheres foram assassinadas, mais que o dobro em relação a abril. Também é o maio que mais registrou mortes de mulheres desde 2012. Já o número de estupros é o mais baixo nesse mesmo período.
Feminicídios no RS
2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | |
maio | 13 | 10 | 3 | 3 | 8 | 4 | 10 | 8 |
abril | 6 | 11 | 6 | 11 | 9 | 8 | 9 | 5 |
março | 11 | 8 | 6 | 8 | 5 | 11 | 8 | 8 |
fevereiro | 1 | 3 | 8 | 13 | 13 | 9 | 12 | 14 |
janeiro | 3 | 7 | 9 | 10 | 5 | 5 | 7 | 12 |
O número de feminicídios em maio de 2019 é o maior registrado no ano no Rio Grande do Sul, de acordo com dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta quinta-feira (13). Treze mulheres foram assassinadas no estado em contextos discriminatórios, mais do que o dobro em relação ao mês anterior.
O indicador também assusta se comparado aos anos anteriores: foi o maio com mais feminicídios desde 2012, quando a Polícia Civil gaúcha passou a contabilizar os homicídios de mulheres separadamente* (veja na tabela acima).
A quantidade desse tipo de crime aumentou 30% na comparação com maio de 2018 e 333% em relação a maio de 2017.
“Tivemos feminicídios íntimos e não íntimos, que são crimes que ocorrem por menosprezo à situação da mulher, não só no contexto de violência doméstica”, observa a diretora do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), Shana Luft Hartz.
“A grande maioria da violência contra a mulher é dentro de um contexto de violência doméstica”, completa a delegada, que reforçou a importância da denúncia.
No dia 9 de maio, uma mulher de 25 anos foi morta com um tiro dentro de casa em Santa Maria, na Região Central do estado. O companheiro dela é o suspeito do crime. Segundo a polícia, familiares relataram que os dois haviam brigado, e que ela tinha mandado o homem embora de casa.
No momento do crime, os dois filhos do casal, um de menino de dois anos e uma bebê de oito meses, estavam na casa. Neste caso, a jovem havia registrado uma queixa contra o companheiro em 2015 por lesão corporal.
O G1 também publicou o levantamento de outros indicadores criminais, que mostram que o número de latrocínios – roubo seguido de morte – foi o menor para o mês de maio em 17 anos.
Prevenção
O objetivo, segundo a diretora do DPGV, é justamente atacar esse tipo de crime por meio da prevenção. “O que se busca é continuar nosso plano de prevenção à violência doméstica, principalmente com a inauguração das salas das margaridas”, planeja Shana.
A delegada explica que a ideia das salas das margaridas, lançada em maio pelo governo , é que funcionem como espaços específicos voltados ao atendimento às mulheres vítimas que gostariam de denunciar alguma agressão ou solicitar medida protetiva.
A intenção é inaugurar a sala em todas as Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) do estado. A previsão da delegada é que uma ou duas salas sejam abertas ainda no mês de junho.
“Dentro do plantão policial, quando chega uma vítima, ela é encaminhada a essa sala, uma sala mais acolhedora, onde a mulher é recepcionada, e é feito o encaminhamento a psicólogos ou assistentes sociais. E e ali é feito todo o atendimento policial”, esclarece Shana.
O Departamento também deve criar até setembro um plantão 24h para fazer atendimento dos flagrantes de violência a grupos vulneráveis em Porto Alegre. Um acordo firmado com a Defensoria Pública do estado garantiu a mudança de local.
Atualmente, as mulheres registram os flagrantes de violência na 2ª Delegacia de Pronto Atendimento de Porto Alegre (DPPA), no Palácio da Polícia. Além de serem ouvidas diante de outras pessoas que estão na mesma delegacia para relatar outros tipos de crime, algumas chegam a receber ameaças do próprio agressor enquanto esperam atendimento, conforme denunciou a Defensoria.
O local onde o plantão deve passar a funcionar na Capital, no entanto, ainda não está completamente definido, conforme a delegada.
Número de estupros cai
Na contramão dos índices de feminicídio, o número de estupros em maio de 2019 foi o mais baixo desde 2012, quando os dados passaram a ser divulgados sistematicamente à população pela SSP. Caiu 58% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Foram 66 casos, contra 158 em maio de 2018.
A quantidade de mulheres agredidas e ameaçadas em maio de 2019, segundo o levantamento, foi a menor do ano. Em relação ao ano anterior, os dois indicadores também caíram: lesão corporal teve queda de 9,8%, e ameaça, 7,75%.
Em relação às tentativas de feminicídio, dados da SSP indicam que os casos diminuíram de 34 em maio de 2018 para 31 em maio deste ano no estado, uma redução de 8,8%.
*Desde 2015, quem é acusado de cometer o assassinato de uma mulher por questões de gênero responde na Justiça por feminicídio. A classificação, no entanto, já era feita pelo estado desde 2012 para facilitar a criação de políticas públicas voltadas à redução dos assassinatos de mulheres por questões de gênero, segundo a SSP. Por isso, os dados são disponibilizados a partir desse ano no site da Secretaria.
Fonte: G1/RS
Foto: G1/RS