De última hora o Governo restituiu a base governista, que estava se desfazendo, e indicou o vereador Antonio Zenoir (PSD) como sendo um dos representantes na Comissão
Depois de homologada a Comissão Parlamentar de Inquérito, na quarta-feira (06), o Governo se articulou de forma muito rápida e demonstrou que está pronto para “jogar o jogo” da CPI, proposta pelos vereadores Aquiles Pires (PT), Carlos Nilo (Progressistas) e Marco Monteiro (REDE), e indicaram o vereador Antonio Zenoir (PSD) para ser o representante da Administração em um papel de importância na condução dos trabalhos: a secretaria da Comissão.
Diferente da expectativa que tinham os parlamentares que ingressaram com o pedido de uma CPI, os vereadores não elegeram Aquiles Pires para ser o secretário, o que causou surpresa. A indicação de última hora aconteceu na primeira reunião da CPI, na manhã de quinta-feira (07), quando a vereadora Maria Helena (PDT), líder de Governo, indicou Zenoir na votação para ser secretário.
Questionado se aceitava a indicação, Zenoir disse que sim e levou cinco votos: os de Maria Helena, Márcia da Rosa (PSB), Romário Paz (MDB), Evandro Gutebier (PRB) e o dele mesmo. Aquiles que, em tese, seria o candidato favorito para a vaga, contou apenas com o seu voto e com o de Marco Monteiro.
O presidente da CPI, vereador Carlos Nilo, classificou a indicação de Zenoir como “surpreendente”. “Poderia ser o Aquiles? Poderia. Mas vai da interpretação de cada um. Eu esperava que fosse o Aquiles, e eu vou conversar com os demais membros”, disse Nilo.
Apesar da indicação pública da vereadora Maria Helena Duarte, o vereador Antonio Zenoir negou que houvesse qualquer articulação da Prefeitura. “Em absoluto. Na quarta-feira o Romário me perguntou se eu aceitava ser o secretário pelo motivo da minha experiência e conhecimento desta área. Eu disse sim, hoje foram para votação e fizeram essa indicação”, afirmou.
Procurador afirma que é possível que o Executivo contrate “a revel”
A primeira reunião da CPI contou com duas surpresas, no ponto de vista da articulação do Governo. A primeira delas foi a falta de quórum para a escolha dos membros da mesa que devem dirigir a Comissão. Alguns parlamentares da base governista, que estavam na Casa, demoraram a subir para o plenário João Goulart, atrasando o início dos trabalhos; a segunda foi a presença do procurador geral do município, Ramzi Zeidan, na Câmara, antes da reunião, que já estava sendo gravada e transmitida na página do Facebook do Poder Legislativo.
Durante a sua visita, Ramzi deixou transparecer a pressão que a CPI já causa no palácio Moysés Vianna. Pedindo agilidade no processo, o vereador Aquiles renovou a sugestão do poder Legislativo que se fizesse uma nova comissão avaliadora para classificação da seleção. Imediatamente Ramzi reconheceu que houve erros e afirmou que há possibilidade de o prefeito anular o processo e contratar a “revel”.
“Se houve erro na lista a gente está identificando. Óbvio que houve e a gente vai identificar. Eu disse para o prefeito que nós temos duas alternativas. Ou a gente faz as correções que tem que fazer e publica na sexta-feira ou a gente anula o processo seletivo e segunda-feira eu vou contratar a revel”, disse ele. “Eu tenho que resolver, eu não posso esperar 10, 15 dias, pois segunda-feira as aulas têm que iniciar”, confirmou ele.
A discussão continuou, mas foi apaziguada pelo vereador Evandro Gutebier (PRB), que estava entre Ramzi e Aquiles. Mesmo que na sexta-feira o procurador tenha dito que a sua declaração na Câmara “não era o intuito da Administração”, as afirmações dele repercutiram mal. O presidente da CPI disse que foi uma surpresa as palavras do procurador e criticou a afirmação de Ramzi. “Mas, como um procurador vai dizer isso, cadê a responsabilidade? Quero deixar muito claro, a CPI vai fazer o seu trabalho com a homologação, ou sem. Com o início, ou não, das aulas. Não é culpa da CPI ou do Poder Legislativo, se o processo iniciar e as aulas não iniciarem”, disse Nilo.
A próxima reunião da CPI foi marcada – de forma não pública – para segunda-feira (11), às 8h45min na presidência da Câmara de Vereadores com todos os parlamentares que fazem parte da Comissão.
As denúncias no Ministério Público e Câmara se transformam em um grande movimento
O tema investigado na Comissão Parlamentar de Inquérito surgiu a partir de supostas irregularidades e ilegalidades ocorridas na seleção que foram expostas por alguns candidatos. Na semana passada eles foram à Câmara de Vereadores e ao Ministério Público Estadual pedindo que o Legislativo e a Promotoria apurem eventual responsabilidade de membros do governo para a contratação de profissionais na área da educação, onde se relatam favorecimento de determinados candidatos em detrimento de outros, conforme dados que já estão sob posse dos parlamentares santanenses.
Participantes da seleção de Secretaria de Educação entraram com recursos referente à primeira lista de aprovados. Candidatos com mais qualificação estavam abaixo daqueles que estavam com menos qualificação e experiência.
Mesmo após a divulgação da segunda lista definitiva até então, candidatos se sentiram lesados. A gota d’água foi quando uma das candidatas entrou em contato com a Rádio RCC FM e falou abertamente sobre o assunto.
Durante a entrevista ela pontuou situações que teriam acontecido envolvendo o primeiro escalão do Governo, incluindo o articulador político, secretário Geral de Governo, Enrique Civeira. “Ele está menosprezando a nossa inteligência, eu não sei qual é o problema que existe que ele está mandando mais do que o prefeito”, disse a ouvinte destacando que existe, inclusive, um vídeo circulando nos bastidores em que Civeira aparece “atropelando” a todos e dizendo que vai mudar os nomes que estão na lista de aprovados pós- recursos.