Toda a vez que chove é a mesma coisa. Há mais de 22 anos. O dia era 30 de Dezembro de 1996 quando por volta das 7 horas da manhã segundo relato dos moradores, a ponte da localidade do passo do trilho no sob distrito do Espinilho, no interior do município foi levada pelas águas após forte enxurrada. Desde então os moradores daquela região foram forçados a criarem uma nova rota cruzando por dentro do arroio, um pouco mais acima da antiga ponte. O grande problema é que com o passar dos anos nada foi feito e a situação só se agrava.
Enxurrada após enxurrada o leito do arroio é modificado criando assim mais obstáculos para quem precisa utilizar a estrada que é um único acesso em solo brasileiro a Vila Thomaz Albornoz. A região que possui forte atividade pecuária sobre tudo na criação de gado, ovelha e cavalos, é bastante afetada com o problema uma vez que muitos caminheiros e até frigoríficos já desistiram de fazer negócios com os produtores da localidade pela dificuldade no escoamento da produção.
No início desta semana a reportagem da Rádio RCC e do Jornal A Plateia recebeu algumas fotos de ouvintes e leitores demonstrando as dificuldades dos moradores com a cheia do arroio. As imagens mostram carros, caminhonetes e até caminhões sendo puxados por um trator durante a travessia por conta da força das águas.
Na manhã de quinta-feira(6) a nossa reportagem foi até o local que fica distante aproximadamente 60 quilômetros do município conversar com os produtores.
“Eu vi a ponte caindo”
Uma das moradoras mais antigas da região, dona Ilda Paulo dos Santos, possuía na época um estabelecimento próximo o arroio e disse que viu a ponte caindo.” Estava chovendo muito forte naquele dia, diz que que foi por causa do tal do “el niño”. A água vinha subindo bastante nós tivemos que sair. Foi grande a enchente levou até o nosso estabelecimento embora, perdemos tudo, E quando água baixo não tinha mais ponte” lembrou.
Depois do fato acontecido, família de dona Ilda acabou indo morar na vila Thomaz Albornoz onde reside até os dias de hoje. “Não é fácil. A situação é bastante complicada. Eu tenho um comércio lá na vila e o pessoal não quer levar mais mantimentos para com medo de ficar empenhado . Estes dias um caminheiros furou 8 pneus no mesmo dia. Disse a moradora. Nilson Giliarde Paulo dos Santos, ainda era criança quando o fato aconteceu, hoje com 33 anos espera um solução para o problema. “A gente esperar que alguém resolva. Que façam pelo menos uma planchada aqui para a gente passar, porque do que está na dá para continuar” falou.
“Nunca ninguém se interessou”
O produtor rural Nelci Pacheco Teles, que é nascido e criado naquela região, diz que muitas vezes os moradores estraram em contato com as autoridades mas até hoje sem sucesso. “A única resposta que nos dão é que não podem, que não tem dinheiro. Mas isso é impossível porque a gente paga os nossos impostos em dia e quer ver o resultado nas melhorias. Conversando com os moradores, na nossa opinião, dava para fazer uma planchada aqui com bueiros que já resolvia. Utilizando inclusive as próprias pedras do arroio” sugeriu.
“É só chover 15mm e ninguém passa mais”
O caminheiro Jorge Roberto Rodrigues Pereira, conhece muito bem as dificuldades da estrada, pois são mais de 30 anos de profissão. “Basta chover um pouco nas cabeceiras e ninguém cruza mais. Já cansei de dar carona para pessoas doentes que precisavam ir para a cidade e ao chegar aqui conseguimos passar porque o passo estava cheio” disse o caminheiro que abastece a vila Thomaz Albornoz com gás e outros produtos. Segundo Jorge muitos colegas de profissão já desistiram de pegar fretes na região por causa do problema.
O que diz a prefeitura
A reportagem do Jornal A Plateia entrou em contato com o ex-secretário de Agricultura do município, Carlos Reni Marinho, que respondia pela pasta até o início desta semana quando assumiu a nova secretária Caroline Menezes, para saber se existe alguma ação programada para aquela localidade.
Segundo Reni , existe um projeto que está sendo estudado pelo executivo municipal em parceria com o Exército Brasileiro para a colocação de um ponte naquela localidade. As conversações inclusive já iniciaram. A ideia é que seja uma ponte provisória, até que se possam construir uma permanente e acabar de vez com o sofrimento dos moradores da região.
Por: Matias Moura – [email protected]