qui, 18 de abril de 2024

Variedades Digital | 13 e 14.04.23

À ESPERA DO METEORO

Buenas,

 

Estou só pelo meteoro! Falta pouco, não há de ser nada, um pouco de paciência ele tá aí, abrindo caminho pela atmosfera, rasgando o horizonte azul, trespassando as nuvens, deixando um rastro fumegante pelo céus, não deixando dúvidas para ninguém que esse ano foi “o ano!”. Isso é uma certeza, não é um desejo. A lista que segue deixa claro que não falo nenhuma heresia. Começou com a Covid-19, um flagelo similar às pragas do Egito que ainda nos assola, apesar de alguns dizerem que já está no finalzinho. Novas cepas surgem, mantendo o temor que não tem data para ir-se, mesmo com a chegada da tal vacina, tão questionada por parcelas pouco esclarecidas da população…

Depois veio outra praga terrível: as “lives”! Todo o mundo se achou no direito de fazer vídeos ditando teorias das mais diversas. Alguns tinham o caráter de entretenimento, até aí, vá lá! Porém, a maioria eram de teóricos de “tudologia”. Os coaches de tudo um pouco arrombam nossas portas digitais, oferecendo solução para problemas que nem sabíamos que tínhamos, mas eles, através das lives, irão nos salvar! Eu não pedi para ser salvo, ainda mais em forma de vídeo, já disse!

Em seguida veio mais uma revelação bombástica, porém pouco valorizada pelas mídias e pela sociedade: o governo americano, com discrição, admitiu que contataram extraterrestres! Um em cada 10 filmes de ficção já mostraram isso, mas, nesse ano tão emblemático, resolveram admitir! Quem assistiu os filmes Homens de preto, já sabia. Os agentes J e K procuravam notícias sobre ETs nesses jornais de baixa qualidade. Aliás, agora posso afirmar: Trump não tem aquela cor amarela devido a bronzeamentos artificiais; na verdade, ele é um extraterrestre! Leiam os jornais com atenção, principalmente as notas de rodapé!

Aliás, esse ano complicou mais ainda para os jornais e revistas. Os meios digitais já estavam acabando com noticiosos em papel, mas, com a pandemia, ninguém quer compartilhar jornais. Na barbearia que eu frequento mensalmente para cortar os cabelos que me restam, lembro de folhear o jornal do dia, mesmo já sabendo todas as notícias. Não nego que vez ou outra olhava as fotos dos atores e ex-BBBs em praias paradisíacas nas revistas de fofoca. Com o risco de contaminação, não tem mais jornal ou revistas lá. Como saber se a pessoa que pegou a revista antes de mim não poderia estar contaminada? Periódicos impressos, o que será de vocês nesse novo mundo?

E o que foram as recentes imagens de aglomeração em festas, ignorando os alertas das autoridades sobre os riscos de contaminação? E teve mais; com a febre de promoções na Black Friday e no Natal, pessoas ensandecidas lutavam como gladiadores por um cadeira plástica ou uma panela de pressão, como se suas vidas dependessem daqueles produtos, não do distanciamento ou da máscara de proteção.

Teve mais. No Brasil, nunca tivemos tantos incêndios na Amazônia ou no Pantanal, a temperatura global sobe sem parar, o degelo do Ártico e da Antártida nunca esteve tão avançado, espécies animais estão desaparecendo cada vez mais rápido, sem a devida preocupação necessária da maioria de nossos dirigentes mundo afora…

Portanto, vaticino: que venha o meteoro, que faça uma limpa, como aquela ocorrida há 65 milhões de anos, que exterminou os dinossauros. Tenho certeza que eles, como nós, não se comportaram adequadamente, não merecendo perdão,  deixando esse planeta aos pequenos mamíferos que evoluíram (será?) para o ser humano…

Meus parcos leitores vão considerar tudo que escrevi uma afronta aos esperançosos. Porém, não falei do redentor meteoro porque perdi a última quimera, aquela que fora guardada a duras penas no fundo da “caixa de Pandora”. Lembram do mito de Pandora? Vale rememorar.

Segundo a mitologia grega, Pandora seria a primeira mulher. Bela e repleta de virtudes, teve somente uma recomendação feita por Epimeteu, seu marido: não abra essa caixa! Antes de continuar, aproveito o momento de alusões mitológicas para citar a história em que disseram para outra mulher não comer uma certa maçã, lembram? Nenhuma das duas obedeceu, como nenhuma outra mulher obedeceria, principalmente nos dias de hoje, se disséssemos algo similar.

Pois como ia dizendo, ela abriu a tal da caixa, liberando todos os males que ali estavam por obra de Zeus como castigo aos homens, que tinham ganhado uma espécie de liberdade, através do uso do fogo, roubado por Prometeu. E a esperança, essa, ficou na caixa, só ela, a última coisa que restou aos homens, segundo o mito, a esperança de superar os castigos divinos. Costurando o mito grego e o hebraico, podemos afirmar que a curiosidade é a mãe de todos os males, segundo esses mitos culturais machistas de outrora.

Mas o assunto desta crônica não é machismo nem mitologia. É o meteoro, mas poderia ser a esperança, ítem tão valioso, guardado no fundo da caixa de Pandora da sociedade. Não quero que abram suas caixas e fiquem sem nada. Porém, observando a pequena lista que citei acima, que não foi maior por falta de espaço, eu cá de minha parte não alimento esperanças que um novo ano trará novas pessoas, novas atitudes, novos comportamentos sociais.

Almejo estar errado. Quem sabe o meteoro irá só iluminar o caminho dos incautos, como fez a conjunção de Júpiter e Saturno essa semana, inaugurando a tão esperada Era de Aquário, trazendo novos ares ao planeta que maltratamos tanto há tão pouco tempo.

Estou no aguardo do meteoro sim, assumo. Mas, caso ele adie a sua vinda, vou aplaudir Mário Quintana, que disse: “Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? – O meu nome é Es-pe-ran-ça…”