qui, 25 de abril de 2024

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QUENTIN TARANTINO EM: BASTARDOS INGLÓRIOS

“Sempre te falei que o Tarantino é um dos maiores, né?” Essa é uma pergunta feita pelo personagem de Selton Mello ao personagem de Seu Jorge, no curta-metragem nacional “Tarantino’s Mind”. No filme, o personagem de Selton Mello desenvolve uma tese sobre os filmes e os personagens criados por Tarantino, que estariam, segundo ele, no mesmo universo, que seria o mesmo filme dividido em várias partes. Na época do curta-metragem, Bastardos Inglórios, ainda não havia sido lançado, portanto não faz parte da tese. Porém, para quem gosta do cineasta e de seus trabalhos, vale a pena dar uma conferida no curta e é claro em seus filmes, sua filmografia conta com 9 filmes excelentes. A frase acima corrobora com o meu pensamento. Pra mim, o Tarantino é um dos maiores!

 

Não só um grande cineasta, mas uma mente muito inteligente para criar, e usa dessa inteligência, juntamente com a liberdade que tem, para fazer o filme que quiser. Em seus filmes, o grau de violência elevado e os diálogos longos e poderosos já são marcas registradas e em Bastardos Inglórios não é diferente. Tarantino coloca muito de seu conhecimento em seus filmes. Faz referência ao seu grande amor pelo cinema, homenageando os filmes que mais gosta. E o que ele faz nesse filme é impressionante. Ele leva muitos anos para lapidar seu roteiro e quando a história está finalmente pronta, ele percebe que criou sua obra-prima. Tanto é verdade, que ao chegar no final do filme, o personagem principal, que está falando diretamente com a câmera, fala que “esta pode ser minha obra-prima”. E era!

 

Bastardos Inglórios é em sua opinião, sua obra-prima. Eu não poderia concordar mais. Assisti a todos os seus filmes e o impacto que este criou em mim foi o maior. Em uma obra audiovisual não importa tanto a história que é contada, mas como ela é contada. A forma é a coisa mais importante. Esse é o verdadeiro destaque. Nesse filme, ele tem os dois: A história e a forma. Ambos impecáveis. Tarantino nos ambienta na Segunda Guerra Mundial para contar uma história fictícia. Mas uma história que queríamos ter visto, ainda mais da forma como foi encenado. Os personagens são muito carismáticos, sejam os protagonistas, sejam os antagonistas. A ponto de você não se importar de qual lado da história eles estão. Imaginar a guerra, da forma como foi e ver em Bastardos Inglórios algo totalmente diferente, nos faz questionar “E se tivesse ocorrido assim?”.

 

Na história acompanhamos o drama de uma mulher judia diante das atrocidades de um Coronel Nazista, ao mesmo tempo que presenciamos um grupo de soldados com um único objetivo “Matar Nazistas”. A primeira cena do filme é uma aula de encenação. Tarantino usa de cortes e movimentos de câmera muito específicos para criar a tensão que a cena exige. Ele apresenta os personagens em cada situação e é detalhista para transmitir ao espectador a apreensão pelo que acontece. E o filme em sua totalidade é assim. É possível ser impactado pelo filme em vários momentos e de formas diversas, justamente porque o Tarantino é muito competente ao contar a história que quer. Conhecedor de história e de cinema, localiza o espectador às cenas e faz você acreditar naqueles acontecimentos, a ponto de você desejar que tenham acontecido de verdade. Não apenas pela resolução dos acontecimentos, mas a forma como se resolveram. A história de Bastardos Inglórios é diferente da história real, mas quando fossemos escolher qual versão contar, talvez preferíssemos a versão do filme.