qui, 28 de março de 2024

Aplateia Digital | 23 e 24.03.24

Última Edição

COMO VIVEM NOSSOS “PETs”

Buenas, 

Alessandro Castro 

 

Não sei vocês, mas eu sou do tempo que a gente tinha em casa um guaipeca doado por algum vizinho e um gato vira-latas deixado ainda filhote no portão. Era uma briga convencer a mãe que eu e meu irmão iríamos dar contas deles. Ele era responsável pelos cuscos da casa, eu pelos gatos. “Pets” nem em aulas de inglês. já hoje em dia… 

Atualmente, muitas casas do mundo são habitadas não só pelos clássicos caninos e felinos, que são a maioria, mas por aves, peixes, porcos (sim, mini porcos estão virando “pets”) e até cobras e lagartos; tudo depende do gosto de cada freguês. 

Para se ter uma ideia do tamanho desse mercado, o Brasil tinha mais de 140 milhões de “pets”, em 2019. Foram movimentados 22 bilhões de reais só aqui e, no mundo, mais de 130 bilhões de dólares no mesmo período. Imaginem nesse ano, em que as pessoas passaram mais tempo em casa, tendo que encontrar entretenimento e companhia.  

Ter um animal de estimação em casa não é mais uma brincadeira de criança, muitos viraram praticamente membros da família! Tenho um casal de amigos que vive em função do cachorro. As redes sociais, os assuntos, as compras, tudo gira em torno do cachorro, que, quando vem do banho na “pet”, traz um adesivo colado na testa, vejam vocês… Até uma escadinha fizeram para o cachorro conseguir subir na cama e dormir com eles. Agora, tiveram um filho muito aguardado. Segundo eles, fará companhia ao irmão mais velho, o de quatro patas. 

Claro que não são todos que tem essa preocupação. Durante o período de veraneio, algumas pessoas, se é que podemos chamá-los assim, tem a capacidade de abandonar seus animais outrora queridos. Muitos são jogados de veículos ou colocados em lixeiras, como já vimos em vídeos na imprensa. Algo, literalmente, desumano.  

Falta planejamento para esse tipo de pessoa. Alguns cedem à pressão dos filhos, outros ao desejo momentâneo de ter um bichinho de estimação, sem considerar possíveis alterações de planos, como viagens, custos, saúde ou hotelaria, em caso de viagens.  

Como disse anteriormente, eu era responsável pelos gatos da casa. A Toulouse foi a minha primeira paixão, só ela me entendia. Ela era uma gata preta e branca, daquelas que os vizinhos querem dispensar quando a ninhada é muito grande. Quando escolhi o nome, o fiz porque ouvi uma reportagem na televisão, sem saber que era o nome de uma cidade francesa. Ela me fazia companhia quando eu ficava o dia inteiro lendo. Teve um episódio em que eu não a encontrava há dias. Eis que ouvi um barulho vindo do guarda-roupas. Ela estava ali, sobre um cobertor, ela e seis filhotes recém nascidos. Deu trabalho limpar tudo, explicar para minha mãe e, mais ainda, distribuir a ninhada pela vizinhança… 

Depois, já adulto, morando sozinho, dividi apartamento com a Capitu. Claro que a origem do nome foi uma homenagem para a esposa de Bentinho, aquela de “olhos oblíquos e dissimulados”. Ela era toda malhada, brava como poucas. As visitas eram sempre inspecionadas, cheiradas e, se alguma fosse reprovada, recebia leves arranhões de advertência. Afinal, a casa sempre é dos gatos, nós somos, no máximo, autorizados a frequentar a casa “deles”. 

Por último, fui adotado como “padrasto” pela Pitty. A siamês de minha namorada era uma figura. Gostava de lagartear ao sol e conversar; respondia as perguntas com miados objetivos, claro, sem tempo para muitas delongas. Exigia rotineiramente que abríssemos a torneira do tanque, mesmo tendo uma fonte própria. A água corrente da torneira devia ser mais prazerosa, porém, tenho certeza: servia para mostrar quem mandava na casa.  

Recentemente ela faleceu, era idosa, mas toda vaidosa e bela. Teve uma vida longa, divertida e saudável. Mesmo assim, sua “mãe” amargou uma tristeza absoluta. Do mesmo modo que fora difícil lidar com a perda da Toulouse e da Capitu, também sofri a perda da “enteada”. Apesar de sabermos que a vida deles é curta, em relação a nossa, não há como não sofrer com a perda desses amigos e parceiros, tão presentes em nossas vidas.  

Ter um animal de estimação é ter um ser vivo sob tua responsabilidade. Eles precisam alimentação adequada, não importando se ração cara ou restos de comida, habitação e cuidados com saúde, se tomarmos a decisão de torná-los parte de nossas vidas.  

Penso que o bom senso é o mais importante em qualquer relação, seja quando ajudamos ONGs que sustentam animais abandonados, seja quando investimos em apetrechos para nossos “pets”. Tenho de admitir que esse termo já faz parte de nosso cotidiano, apesar de eu ainda preferir os clássicos cuscos e gatos. 

Todas partiram meu coração quando partiram. Hoje sei que elas foram e são parte importante de minha vida. Como nos disse Guimarães Rosa: “Viver é um rasgar-se e remendar-se.” Saibamos nos remendar, mesmo diante da perda de entes tão queridos como nossos animais de estimação (viu como dá para evitar “pets”?)… 

Rodrigo Lorenzoni diz que falta transparência e questiona necessidade de aumentar impostos

Os dados divulgados pela Secretaria da Fazenda do RS essa semana mostram que nos dois primeiros meses de 2024, a arrecadação do estado aumentou 24% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, o governador Eduardo Leite tem insistido na necessidade de aumentar impostos,  de forma direta, aumentando a alíquota base do ICMS, ou indiretamente, através das decretos