sex, 29 de março de 2024

Aplateia Digital | 23 e 24.03.24

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Polêmica: “Nós estamos reféns das moscas”

Comunidade da Vila de Palomas sofre com infestação de moscas e cobra uma solução. Segundo moradores, o problema seria causado por um aviário que se instalou na região

Imagine você conviver, diariamente, com centenas, ou até milhares de moscas voando dentro de casa, pousando sobre os alimentos, eletrodomésticos, móveis ou até mesmo nas pessoas! Pois é justamente isto que vem acontecendo de um tempo para cá com os moradores da Vila de Palomas que estão, literalmente, reféns desses insetos. Nesta semana, a reportagem do Jornal A Plateia foi até a localidade, após receber várias denúncias, para conferir a situação. Já na chegada da vila foi possível perceber o aparecimento dos insetos em cima do veículo de nossa reportagem.
Com quase ninguém circulando pelas ruas, e todas as casas fechadas, o local parecia uma vila abandonada. Entre as frestas das portas e janelas alguns olhares curiosos espiavam para fora. Ao poucos alguns corajosos foram se aproximando. Segundo os moradores, o problema teria começado depois que um aviário se instalou na vila, em 2015.A moradora Karen Samanta Medina, 33 anos, diz que precisa viver encerrada dentro de casa. “Começou quando o aviário veio para cá. Antes, é claro que tinha moscas, mas dentro do normal. Mas essa quantidade insuportável que tem agora, não. A gente não pode deixar um copo em cima da mesa, ou até mesmo na hora da comida, porque é um horror”, disse ela que mora com mais 9 pessoas.
Com telas em todas as janelas, Rui Carlos Goulart, diz que a família está refém desses insetos, pois eles são obrigados a ficar encerrados em casa. “A gente tem que ficar com a casa sempre fechada, não há condições, se abrimos, elas invadem. Nós viemos para cá em janeiro de 2017 e já era assim. Inclusive no dia em que chegamos aqui não dava para parar lá fora por causa da quantidade de moscas e no chão, dentro de casa, era pretinho”, reclama.

“Essa situação é desumana”

O casal Teresinha e Mariton Alves Correia, moradores da Vila de Palomas, há mais de 15 anos, estão pedindo “socorro”, porque segundo eles é difícil até de fazer as refeições devido a presença dos insetos. “Nunca teve esse problema aqui. Tem pessoas que moram há 20 ou 30 anos na vila e dizem que isso apareceu há pouco tempo. Nós já fizemos até abaixo assinado e enviamos para a juíza pedindo uma solução. Essa situação é desumana, estamos vivendo aqui como se fôssemos bichos, porque não se pode nem comer em paz. Dia de sol, as paredes ficam pretas de moscas e a casa a gente tem que fechar” desabafou a moradora.

“A gente quer que se resolva esse problema”

Segundo Mariton, os moradores não estão contra a empresa que gera emprego para muitas pessoas, mas sim, pedindo uma solução para o impasse. “A gente não quer que tirem o aviário daí, não somos contra ninguém trabalhar. Aqui na vila se criam animais,sim, como porcos e galinhas como sempre se criou. Mas nunca teve esse problema, por exemplo, para o meu neto, que é uma criança, poder comer tem que ter uma pessoa abanando as moscas com um pano” comentou.

Casa infestada de moscas

Enquanto a nossa reportagem se deslocava pela vila foi chamada até a casa de Valentina, que mora com o marido e mais 3 pessoas. Na residência uma cena que chama a atenção: o forro de madeira totalmente coberto pelos insetos que estavam também sobre o televisor da família. “É uma coisa pavorosa. Eu nunca tinha visto, parece um enxame de abelha. É de noite e de dia, trabalho na Almadén e quando coloco meus aventais na cerca ficam pretinhos de moscas. Muita gente diz que é sujeira. Nossa casa é limpa todos os dias e nosso pátio também. Nós só queremos uma solução porque assim não dá mais” falou a moradora.

Moradores reclamam do mau cheiro

Morando bem próximo ao aviário, Gisele Larrea Cavalheiro, comenta que outro problema é o mau cheiro nos dias de ventania e sol quente: “Além desses enxames de moscas dentro de casa, o cheiro que vem de lá (do aviário) é terrível. Não dá para aguentar. É difícil conviver em um ambiente assim”.

Nós cumprimos todas as exigências legais 

Procuramos o proprietário do aviário, Cid Ricardo Silva, que recebeu a nossa reportagem no local e concedeu entrevista dizendo que a empresa, que está situada em uma área rural do município, cumpre todas as exigências legais para este tipo de atividade. Tendo, inclusive, uma empresa responsável por cuidar especificamente das questões ambientais. Sobre os insetos na vila, atribui a várias questões como falta de coleta seletiva de lixo, criação de animais como porcos e falta de saneamento básico, onde muitas casas possuem “patentes”. “Aqui na granja nós temos vários controles para que não aconteça essa problemática em questão. A gente tem uma empresa de consultoria ambiental e dedetização e todo um manejo de acordo com a nossa licença. Além do tratamento do nosso adubo aqui da granja. Fazemos esse controle semanal. E a questão das moscas é um problema da vila inteira, porque aqui não tem coleta de lixo, estamos falando de uma vila onde as pessoas criam porcos no fundo do quintal e possuem patentes (latrina) em casa. Uma vila que não tem saneamento básico. É uma área rural e as pessoas não têm esse tratamento todo que se tem na cidade. Então, esse deveria ser um problema do poder público também. O meu entendimento é que nós estamos em uma área de produção e gerando emprego e renda, inclusive” disse o empresário.
Cid disse também que a empresa coloca regulamente coletores em formas de iscas, na vila, para ajudar na problemática das moscas. “Se tem esse problema, que acham que é daqui, nós estamos fazendo a nossa parte. Mas os moradores e o poder público também devem fazer a sua parte”encerou
A granja possui 8 hectares , está localizada na Vila de Palomas e é responsável pela criação de mais de 18 mil galinhas com uma produção diária de 12 mil ovos que abastecem o mercado local.

O empresário Cid Ricardo Silva diz que a sua empresa mantém todos os registros técnicos e exigêmcias ambientais em dia no aviário

Foto tirada dentro da casa de Valentina, que diz não aguentar mais essa situação

Matias Moura – contatomatiasmoura@hotmail.com

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Os dados divulgados pela Secretaria da Fazenda do RS essa semana mostram que nos dois primeiros meses de 2024, a arrecadação do estado aumentou 24% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, o governador Eduardo Leite tem insistido na necessidade de aumentar impostos,  de forma direta, aumentando a alíquota base do ICMS, ou indiretamente, através das decretos